*Carlos Felipe Horta
Todo o ano, quando o Natal vai chegando me dá uma sensação de tristeza. Eu gostaria de ter ao meu lado todas as pessoas com quem vivi os natais e os momentos, felizes ou tristes da vida.
Presépio da Casa Fiat de Cultura 2017.
Histórica e cientificamente, sabemos que Jesus pode não ter nascido no dia 25 de dezembro e muito menos no ano zero de nossa época. Por isso, o dia de natal é muito mais do que a lembrança de um nascimento, mesmo que seja de um deus. Ele é, na verdade, um chamamento, um toque de clarim convocando as pessoas, a humanidade, para uma reflexão, por sinal muito bem colocada na frase dos anjos: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade” E como estamos precisando pensar nisso. Paz e boa vontade.
Este ano, como nunca, deveríamos ter pensado um pouco mais nessa frase. No Brasil, como em todo o mundo, assistimos e estamos assistindo a tristes e trágicos fatos demonstrando que a paz ficou esquecida e a boa vontade, esta, coitada, mais ainda. Até mesmo o “Glória a Deus” virou bordão político e motivo de gozação.
Quem sabe, porém, que, neste momento de Natal, a frase e suas palavras ressuscitem, transfiguradas na imagem de um menino que nasce para renovar a humanidade. Quem sabe, isto não nos leva a pensar nos milhões de meninos que estão morrendo debaixo de bombas ou de fome em muitas partes do mundo, até mesmo no Brasil” Quem sabe nos leve a pensar também nos desempregados- quase 13 milhões só no Brasil; nas mais de 60 milhões de famílias que têm débito e não possuem meios para pagar. O menino da manjedoura talvez nos faça pensar um pouco mais na necessidade de, neste momento, no caso brasileiros, esquecermos as quizilas e desavenças pessoais e políticas, para uma trégua em busca de um entendimento que todos nós precisamos.
Mais do que nunca, paz e boa vontade. Estamos precisando muito destas duas palavras, como do beijo das pessoas amadas, do carinho da família e do abraço dos amigos, sem falar no pensamento positivo de toda a comunidade. Com a paz e boa vontade, no seu sentido mais amplo, o olhar daquele menino terá mais amplitude, mais força, mais condição de penetrar no coração de todos nós e, quem sabe, ajudar a diminuir a desumanidade que, infelizmente, ainda sobrevive entre nós.
Assim, o Natal terá um sentido maior e mais real, indo muito além de seu aspecto de festa, para se tornar, de fato, em um nascimento espiritual de todos nós.
*Jornalista, historiador e colaborador do Santa Tereza Tem
