Ateliês de Santê: A cerâmica de Sonia Rigueira - Santa Tereza Tem
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Ateliês de Santê: A cerâmica de Sonia Rigueira

Ateliês de Santê: Cerâmica de Sonia Rigueira, natureza em barro

Há pessoas que carregam um dom oculto, que só floresce em circunstâncias inesperadas. Esse é o caso da ceramista Sônia Rigueira, nascida e criada em Santa Tereza, que se descobriu artista, quase que por acaso. Bióloga, ela conta entre risadas que ” em uma fase estressante, quando escrevia a tese de mestrado sobre aves na Serra de Tiradentes, comecei a ficar meio voada e procurei algo que me relaxasse. Então comecei a brincar de fazer cerâmica, que virou uma cachaça. Garrei esse negócio, há mais de 20 anos e não mais larguei. O barro me trouxe de volta à terra. ”

Ela começou a trabalhar com argila no ateliê da ceramista Erli Fantini, à Rua Eurita. Após herdar a casa da família, que está indicada para tombamento, à Rua Bueno Brandão, montou o próprio espaço, o Ateliê Taturana de Cerâmica. Espirituosa e alegre, Sõnia comenta rindo: “Transformei o lugar onde ficava o galinheiro em ateliê há quatro anos”.

Por ser bióloga, sua arte tem um viés forte com a natureza e a sustentabilidade. Os temas são insetos, folhas, flores. Um pedaço de espelho, um botão, uma canopla de torneira, enfim “sucatinhas”, como ela chama, se transformam em obra de arte.

Mesmo se dedicando à cerâmica ela não deixou a biologia e em paralelo continua na profissão como diretora da ONG, Instituto Terra Brasilis, cuja sede é na casa em frente ao ateliê.
Para conhecer o trabalho de Sônia, comprar ou encomendar, o Ateliê Taturana de Cerâmica fica à Rua Bueno Brandão, 405. Telefone: (31) 3225-0414.

Lembranças de Santa Tereza

Nasci aqui em dezembro de 1958 e sempre morei aqui nesta casa. Aos 26 anos, fui estudar na Inglaterra e Estados Unidos. Morei no Rio, no Bairro Funcionários e voltei pra Santa Tereza. Dei a volta ao mundo e retornei a Santa Tereza, de onde não pretendo sair mais”.

Casada com o pianista Clóvis Aguiar, o casal curte caminhar pelo bairro. Ela comenta que “resolvo tudo por aqui, exceto ir a bancos e faço questão de prestigiar o comércio local. Eu e o Clovis Aguiar, saímos muito a pé, curtimos um churrasquinho, uma pizza à noite. Tem divertimento para todo gosto. Tem a praça, que é viva, com atividade toda semana. É um bairro vivo, que praticamente se basta”.

Ele complementa que “esse clima interiorano se mantém em função do casario. Quando não tem verticalização grande ou uma ocupação adensada preservam-se certas características quase de interior. Aqui é como uma minicidade com suas limitações, mas tem as coisas de necessidade rápida. Se você precisa de algo mais elaborado vai na “cidade vizinha”, a Floresta ou Sagrada Família”.

Em suas lembranças, ela comenta que quando os pais mudaram para Santa Tereza, a Rua Bueno Brandão era o fim do bairro. “Nesse quarteirão, na década de 60, éramos umas 30 crianças, uma gangue, que andava em bando e brincava de pique, jogava Bentes altas, futebol e vôlei o dia inteiro. Isso criou um laço forte e nós, os meninos da rua, sempre nos encontramos até hoje, só que agora, no bar da esquina”, comenta entre risadas.

A artista lembra ainda que “na adolescência gente fazia caminhada até o Pico Belo Horizonte, íamos ao cinema, no cine Odeon e no Cine Floresta, sempre em turma.  Na época, década de 70, o Cine Santa Tereza já estava decadente. Mas é um orgulho para nós ter o cinema restaurado e funcionando”.

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