Nossa Senhora Mineira

Por Carlos Felipe Horta

Quando se fala da Mãe de Jesus, a história e as lendas se misturam de tal maneira que é difícil distinguir onde termina uma e começam as outras. Em Minas, então, nem é bom falar. Em cada lugar onde ela figura como padroeira há sempre um quê de mistério com muita poesia no meio e, claro, causos e fatos que atravessam anos e séculos. Com isso, a presença de Maria nas terras mineiras tem o seu lado de história, mas sempre com a faceta da cultura popular.

Imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem

O 15 de agosto, data em que os católicos lembram a Assunção da Virgem Maria aos céus, é comemorado em dezenas de lugares mineiros e em quase todos com invocações diferentes e explicações diferentes. Ela é do Bom Sucesso em Caeté; da Saúde, em Lagoa Santa; da Conceição, em Mariana; do Carmo, em vários lugares; da Aparecida, em tantos outros; do Ó, em Sabará; de Nazaré, em Cachoeira do Campo e Morro Vermelho; da Abadia, em Romaria; do Pilar, em São João del Rei; da Luz, em Diamantina; da Oliveira, em Oliveira; das Mercês em Ouro Preto e outros tantos locais; da Mãe dos Homens, no Caraça; da Lapa, das Dores, do Amparo, do Desterro e Auxiliadora, em vários lugares, entre tantas outras denominações.

Claro que a Senhora da Conceição é das mais citadas e não se pode deixar de lembrar que a padroeira de Minas é Nossa Senhora da Piedade, com sua imagem do alto da serra parecendo olhar Minas Gerais em 360 graus.

E como esquecer a Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira de Belo Horizonte e em cuja homenagem o dia de agosto é feriado municipal. Da Boa Viagem a história a lenda dizem que os marinheiros de um barco a ela dedicado, depois de atravessar o Atlântico, resolveram seguir para Minas, levando a sua imagem. Um destes marinheiro é Francisco Homem del-Rei que, debaixo da Serra das Congonhas, erigiu uma pequena capela, dando origem ao Arraial do Curral del Rei, hoje Belo Horizonte.

A história da Senhora da Piedade também tem o seu lado lendário, lembrando o arquiteto Antônio da Silva Bracarena que, fugindo da perseguição do Marquês de Pombal, resolveu construir uma pequena capela numa serra de Vila Nova da Rainha, hoje Caeté. Bracarena conseguiu que de Portugal lhe fosse enviada uma estátua reproduzindo a Pietá de Michelângelo. Colocada na capela da serra ela deu origem à devoção à Senhora da Piedade. Todas as histórias e lendas guardando o jeito de Minas, colorindo as tradições e colocando a Mãe de Cristo presente em todo o estado e, mais ainda, na alma mineira.