Entre mãe e filhos - Santa Tereza Tem
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Entre mãe e filhos

A  homenagem do Santa Tereza Tem  a todas as mães vai por meio da história da Célia Silva e os filhos, Daniela e Daniel, que há duas décadas comandam o tradicional Restaurante Sheridan, em Santa Tereza.

Entre mãe e filhos

O trabalho em conjunto, tanto quanto o amor, é um elo entre a empresária, Maria Celia da  Silva, a Dona Célia, e os filhos, Daniela e Daniel,  que mesmo crianças, já ajudavam os pais, quando ela e o marido, Antônio Jorge da Silva, o Toninho, em 1992, arrendaram a sorveteria Moranguito, em Santa Tereza. Daniela e Daniel com sete e seis anos respectivamente, tinham responsabilidades condizentes com a idade. Depois, quando a sorveteria transformou-se em restaurante, os quatro pegavam juntos no batente.

“Não sentíamos o trabalho como uma obrigação. Além disso, fomos criados livres, brincando na Praça de Santa Tereza. Já maiores, frequentávamos o Clube Art, fizemos cursos de computação no SESC, natação no Colégio Tiradentes, a primeira comunhão na igreja. Ficávamos mais em Santa Tereza do que em nossa casa, no Bairro Goiana”, relembra Daniela.

Daniel, conta que, “aos 11, 12 anos, depois da aula no Instituto de Educação, onde a gente estudava pela manhã,  era nossa responsabilidade varrer calçada, ajudar na cozinha, no caixa, na copa”.

“No Moranguito, em que estávamos ainda  fazendo o ponto, a gente ficava até às 22 horas. Quando os meninos chegavam da Praça, descalços, com a cara suja, era  hora de ir embora. Era muito trabalho e eu achava uma judiação com as crianças, mas era preciso”, comenta Célia.

O tempo passou, o Moranguito transformou-se no Sheridan. Em 2007, com a morte de Toninho, os três arregaçaram as mangas e as “crianças”, já adultas e fazendo faculdade, assumiram realmente o restaurante junto com a mãe.“Fizemos uma série de mudanças no local, modernizando. Reformamos o espaço e ampliamos o cardápio”, comenta Daniel.

Daniela observa que “o trabalho é dividido. Hoje faço a função da minha mãe na época do meu pai, como cuidar do caixa, da parte administrativa e supervisionar a cozinha. Hoje ela está mais tranquila”, comenta Daniela.

Segundo Célia, trabalhar com os filhos é meio complicado devido à modernização dos negócios, mas também um prazer.  “Tenho uma visão comercial antiga, que adquiri trabalhando no comércio desde os 9 anos com meu pai. Os dois têm outra e muito do que eu sei já não vale, porque mudou o perfil dos funcionários e dos clientes. Às vezes é difícil acompanhar as mudanças. Mas gosto de ficar no restaurante, não só pelo trabalho, mas é também um jeito de ficar perto deles por mais tempo”.

A admiração entre os três é denominador comum, mesmo tendo às vezes um desentendimento ou outro em relação à administração do estabelecimento. “Aprendemos muito com minha mãe. Às vezes discordamos em algumas coisas, mas no fim tudo se ajeita. Ela é a nossa referência”, comenta Daniela.

Daniel fala sobre Célia: “a casa sempre funcionou bem por causa dela. Quando meu pai faleceu, vi a figura importante, que ela é aqui, especialmente na relação com os clientes O que ela plantou nesses anos a gente colhe até hoje”.  Fato confirmado pela irmã, segundo a qual quando Célia não vai ao trabalho, os clientes sentem falta, perguntam por ela e muitos falam Restaurante da Dona Célia e não Sheridan.

Por sua vez, Daniel encontra em Célia a segurança necessária. “Ela respeita nossa opinião e quando a gente erra, sabe mostrar o erro. Há detalhes que só ela percebe, como na limpeza, ela tem visão raio x e o paladar, não tem igual. Ela prova as comidas e logo sente se tem algo que não está legal”.

Já a mãe, é só elogio aos filhos. “Os dois têm muita força de vontade. Eu achava que eles deviam ter seguido outro caminho, porque o trabalho aqui é pesado, de domingo a domingo. Mas eles quiseram, então está tudo bem”.

Enfim esse trio se completa, cada um  com uma habilidade, misturando o novo com o antigo, a experiência com a modernidade. “A gente cuida,um do outro e é uma paz saber que temos alguém cuidando da gente”,  comenta Daniela. É essa união, regada pelo carinho e respeito, que segundo os três, faz, não só o trabalho, mas a vida valer a pena.

A história do Sheridan

Em 1991, Antonio Silva, o Toninho, devido à política econômica do governo Collor, precisou fechar o seu Restaurante Garfo de Ouro, famoso no Bairro Funcionários.  Sem trabalho, ele foi tentar a sorte nos Estados unidos, mas em seis ele meses estava de volta a Belo Horizonte.

Foi nessa época, em 1992, que Toninho e Célia arrendaram sorveteria, Moranguito, da Valéria, sobrinha de José Júlio Pimenta, o conhecido Zezinho de Santa Tereza, na esquina das Ruas Tenente Vitorino e Estrela do Sul. “Foi na Moranguito que tudo começou”, conta Célia.  Fazer sorvetes não era bem a praia dos dois e por insistência dos taxistas do bairro começaram a fornecer o famoso PF, prato feito.  A freguesia aprovou e o público foi aumentando. Mudaram para a Rua Mármore 600 e e o self service começou. De lá passaram para o atual endereço, Rua Mármore, 588.

“Erámos eu, meu marido, minhas irmãs Marlene e Neusa, os sobrinhos Marquinho e Rafael e a Ju, a Jucinéia, que no início ajudou a olhar as crianças e depois veio ajudar no restaurante”, relembra Célia.

Tudo transcorria bem, o restaurante com boa clientela, Daniel e Daniela fazendo faculdade, quando, em 2007, Toninho faleceu. Os três, Celia e os dois filhos passaram a gerenciar o Sheridan, que este ano passou por uma reestruturação do espaço. “Ampliamos o local, reformamos os banheiros, mas o respeito com o cliente e o cuidado qualidade da comida servida continuam os mesmos” eles garantem.

O que é Sheridan

O nome Sheridan, Daniel explica foi inspirado no de uma avenida nos Estados Unidos, na Flórida. “Meu pai achou bonito e decidiu que iria abrir um restaurante com este nome”.

A palavra Sheridan pode ser nome próprio, é  tambémde uma bebida. Significa força de vontade, ousadia, pessoa generosa. “Interessante é que esses significados têm muito a ver com as características da personalidade do meu pai, que era uma pessoa generosa, altruísta e corajosa. Quando fizemos a reforma pensamos em mudar, mas desistimos. O nome faz parte da nossa história, é nossa marca, que meus pais levaram anos para firmar junto ao público”, comenta Daniel.

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