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Santa Tereza inaugura o primeiro cinema público municipal de BH

Santa Tereza inaugura o primeiro cinema público de rua municipal de BH, nesta terça, 26/4

A data tão esperada chegou. Nesta terça-feira, dia 26 de abril, será inaugurado o MIS Cine Santa Tereza, o primeiro cinema público de rua de Belo Horizonte, na atualidade. O espaço, que agora renasce como uma unidade do Museu da Imagem e do Som (MIS), faz parte da história da cidade e especialmente do bairro Santa Tereza, onde foi inaugurado em 1944 e até 1980 foi mantido como um importante local de lazer, cultura e convivência de moradores e visitantes.

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Sala de projeção no segundo andar. Fotos: Eliza Peixoto

Após ter seu imóvel histórico revitalizado, o MIS – Cine Santa Tereza surge para suprir uma demanda de moradores do bairro, da cidade e do setor cultural, por espaços de difusão, circulação e criação artística, especialmente daquela vinculada a linguagem audiovisual. O Cine Santa Tereza estará vinculado ao Museu da Imagem e do Som (MIS), equipamento cultural da Fundação Municipal de Cultura (FMC), dedicado à salvaguarda e à preservação do patrimônio audiovisual de Belo Horizonte. A abertura ao público está marcada para o dia 26 de abril, a partir das 18h, com uma programação especial que envolve exposição, lançamento de livro e exibições de filmes.

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Hugo Cruz, o baleiro do Cine

“É uma alegria saber que o Cine Santa Tereza será reaberto. Mesmo o prédio estando todo modificado por dentro, pois agora o telão fica na parte de cima, onde antes eram as galerias, é muito bom ver que a função de cinema foi preservada. Vai ser muito bom voltar ao cinema e rever a velha guarda do bairro”, planeja Hugo Cruz, antigo morador, que foi baleiro na porta do Cine Santa Tereza na década de 1950 e é convidado especial para a inauguração.

Programação de abertura

Dia 26 de abril
17h – Solenidade oficial de abertura com representantes da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte e do prefeito Márcio Lacerda.
18h – Abertura do Cine Santa Tereza ao público:

  • Apresentação da banda filarmônica Primeiro de Maio do bairro Horto;
  • Abertura da exposição “A Cultura Cinematográfica em Cartaz”;
  • Abertura da Biblioteca;
  • Lançamento do livro “O Cinema do bairro Santa Tereza”;
  • Abertura da “Mostra Minas e o Cinema”.
    19h – Sessão especial com exibição do longa-metragem Faroeste, de Abelardo de Carvalho
    21h30 – Exibição do longa “A frente fria que a chuva traz”, de Neville D’Almeida
    Os ingressos serão distribuídos 30 minutos antes da sessão. Sujeito à lotação.

Mostra Minas e o Cinema

Inaugurando o espaço, a Mostra Minas e o Cinema, com curadoria de Geraldo Veloso, Victor de Almeida e Lourenço Veloso, do Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais, oferece ao público uma perspectiva histórica da produção de diretores e diretoras mineiros, com obras de grande relevância estética, histórica e política no cenário audiovisual de Minas Gerais. A programação, que vai até o dia 24 de maio, traz desde obras de pioneiros do “cinema mineiro”, como Igino Bonfioli, Humberto Mauro e Geraldo Santos Pereira, incluindo nomes expressivos deste universo, como Cao Guimarães, Helvécio Ratton, Rafael Conde e Fábio Carvalho, até o cinema que se faz atualmente em Minas, marcado por produções de André Novais, Affonso Uchôa, Marília Rocha, Clarice Campolina e Guilherme Fiúza, entre inúmeros outros.

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Cena de A frente fria que traz a chuva

Dois longas metragens inauguram o novo projetor, nas sessões que acontecem às 19h e 21h30. O primeiro deles, Faroeste, de Abelardo de Carvalho, diretor que estará presente na sessão, foi filmado em Pains, interior de Minas, e traz, resgatando elementos tradicionais dos faroestes spaghetti italianos, a história de Luis Garcia, cuja trajetória se tornou lendária na região.

Após quinze anos sem lançar um longa, Neville D’ Almeida, um dos nomes mais importantes do cinema brasileiro, conhecido por assinar obras emblemáticas da contracultura dos anos 1970 como “A Dama da Lotação” (1978) e Mangue Bangue (1971), apresenta ao público o filme “A frente fria que a chuva traz”, que será exibido na segunda sessão (21h30) e tem classificação indicativa de 18 anos. Rodado na favela do Vidigal, o filme é uma adaptação da peça de teatro homônima do dramaturgo Mário Bortolotto, escrita há treze anos. O filme, que estreia nacionalmente no dia 28 de abril, será pré-lançado na abertura do MIS Cine Santa Tereza, um marco para a cultura cinematográfica da capital e para o cinema nacional.

Em diálogo com a Mostra Minas e o Cinema, a exposição “A cultura cinematográfica em cartaz” apresenta parte do acervo de cartazes cinematográficos preservados pelo MIS, evidenciando o caráter artístico destas peças que se tornaram, também, documentos da memória e história do cinema.

Livro conta a história do Cine Santa Tereza

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Luís Góes lança livro sobre Cine Santa Tereza

Dentro da programação de abertura do novo espaço, será lançado o livro “A historia do cinema no bairro Santa Tereza”, do pesquisador e escritor Luís Góes, autor de várias publicações que contam a história do bairro e da capital mineira. Dessa vez, ele resgata a história do Cine Santa Tereza, desde a inauguração, em 1944, contando como funcionava o espaço e a importância que ele conquistou na vida dos moradores.

Hoje com 72 anos (mesma idade da instalação do Cine Santa Tereza), Luís Góes é um saudoso frequentador do local e para retratar essa história ele recorreu a publicações de época, acervos públicos e de familiares de antigos moradores do bairro Santa Tereza. “Na época muitos bairros tinham cinema e aqueles que não tinham eram considerados desprivilegiados. Por isso a inauguração do cinema em Santa Tereza foi um grande acontecimento, com sessões esgotadas e público envaidecido, e logo passou a ser lugar de encontro da sociedade. Havia duas sessões de segunda a sábado (19h e 21h) e no domingo três horários: Matinê, às 10h, voltada para crianças; a das 14h, que exibia séries de aventura e faroeste, a partir de 14 anos; e a da noite, para público a partir de 18 anos. Eu cresci junto com o cinema e passei por todas as fases. Era muito emocionante, o melhor programa para todas as idades!”, conta o escritor. O livro será lançado no dia 26, às 18h, na Biblioteca do Cine Santa Tereza.

Banda Filarmônica 1º de Maio

A Banda Filarmônica Primeiro de Maio, que irá tocar na abertura, é mais uma importante tradição de Belo Horizonte. Foi fundada em 1934, no bairro Horto por ferroviários, que se reuniam para tocar nas oficinas dos trens da antiga Rede Mineira de Viação e teve a honra de tocar no Palácio do Catete (Rio de Janeiro) para o então presidente Getúlio Vargas, na posse de Juscelino Kubitschek como presidente, no mesmo local, e na inauguração de Brasília.  Ainda  na ativa e na mesma a antiga sede no Horto, a banda  está prestes a se tornar patrimônio imaterial da capital.

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