De 15 de agosto a 10 de setembro, a Galeria de Arte Mama/Cadela apresenta a exposição “Pássaros que vivem avoando, vivem avoando sem nunca mais parar”. As obras expostas são criações dos artistas do Centro de Convivência Arthur Bispo do Rosário.
A unidade é parte da rede pública de referência em saúde mental do SUS (Sistema Único de Saúde) em Belo Horizonte e fica na Rua Anhanguera, no bairro Horto, próximo ao Santa Tereza.
A mostra reúne 350 obras em diversas linguagens, de 48 expositores, que no Centro de Convivência Arthur Bispo do Rosário, recebem oficinas e desenvolvem trabalhos artísticos, como música, teatro, pinturas, desenhos, aquarelas, gravuras, colagens, lambe-lambe, textos, poesias, cerâmicas e vídeos.
Algumas dessas produções serão mostradas na exposição, como explica Ana Pedrosa, monitora de artes plásticas: “É uma iniciativa da equipe de monitores junto com os frequentadores do Centro. Nas oficinas, temos como princípio de atuação a criação artística pautada na liberdade e, em dois anos de atividades, o resultado são centenas de descobertas e trabalhos desenvolvidos. Resolvemos mostra-lo para a sociedade, fizemos a proposta para a Galeria Mama/Cadela, que fica pertinho do Centro, e tivemos a alegria de iniciar uma grande parceria. O Gustavo Maia e a Marci Silva, coordenadores do espaço, abraçaram a ideia e nos apoiaram em tudo que precisamos, nos dando, acima de tudo, total liberdade na montagem e na programação”.
Ana assina a curadoria da mostra junto Maíra Paiva e Nazareth Melo, que também são monitoras de oficinas artísticas no Centro de Convivência. “Buscamos trazer para a exposição uma visão muito verdadeira do nosso cotidiano, expondo a produção, a experimentação, a criação sensível e o talento dos artistas. Nosso desejo é que as pessoas venham à galeria tenham a possibilidade de enxergar esses artistas sem o estigma da mente, mas possam reconhecê-los por sua capacidade criativa, originalidade e qualidade de suas obras”, declara a curadora.
Rogério Sena tem pinturas e esculturas em cerâmica na exposição e é destacado pela monitora como um “monstro das artes plásticas”. Seus quadros chamam a atenção pelas belas cores e movimentos. Carnaval, festas tradicionais e manifestações da cultura afro-brasileira, como o samba, o congado, o candomblé e a capoeira são temas abordados por ele. “É que a gente sofre tanto com essa coisa do preconceito, então eu gosto de mostrar os momentos bons. E a alegria do negro é assim, brincando!”, diz, sorrindo, como se estivesse recordando vivências como aquelas retratadas nas imagens.
Carlos Alberto Santos mostra orgulhoso as suas aquarelas expostas na parede e explica de onde vem a inspiração para a criação de cada uma delas: “São as cores do Brasil, que é da miscigenação de raças; a Mata Atlântica, que é da natureza brasileira; uma espaçonave capaz de reproduzir tecnologia; a harpa de Jesus; um anjo que existe mas ninguém pode vê-lo; a África, que trouxe o povo que tirou o ouro das minas, fez a culinária brasileira, como o feijão tropeiro, as danças, a música, etc. Ao contrário do que muita gente pensa, a África não é pobre, é um continente rico, em ouro, em animais, em alimentos e cultura”.
Marci Silva, coordenadora e produtora da Galeria de Arte Mama/Cadela, explica que o espaço é aberto para todo o tipo de proposta cultural e já abarcou trabalhos alternativos, mas reconhece que a exposição “Pássaros que vivem avoando, vivem avoando sem nunca mais parar” é uma experiência nova para a equipe. “Embora seja nosso costume receber propostas fora dos formatos comerciais mais comuns, confesso que essa montagem tem mexido muito com a gente. Ela muda o público, muda o foco e consequentemente o nosso trabalho. Desde que fechamos a parceria, passamos a frequentar o Centro de Convivência Arthur Bispo do Rosário para conhecer o trabalho e a receber os usuários na galeria constantemente. Nessa imersão, o que mais me impressionou foi ver como as criações são livres e externalizam sentimentos por meio da arte sem estarem presas a valores estéticos, técnicas e referências artísticas. Não por falta delas, porque recebem essa bagagem nas oficinas, mas porque esses artistas têm desprendimento, que é uma característica que não vemos em outros artistas”, explica Marci.
Ela acrescenta que, da mesma forma como ocorrem em outras mostras, os trabalhos expostos serão comercializadas pela galeria durante o período da exposição, em acordo de consignação feito com o centro de convivência. Assim, visitantes que se interessarem poderão levar para casa exemplares da obra libertária de artistas que são como “pássaros que vivem avoando, sem nunca mais parar”.
A abertura da exposição acontece no sábado, dia 15 de agosto, a partir das 15h, e conta com uma série de atividades artísticas: apresentações musicais dos frequentadores do Centro de Convivência, roda de samba e Rock do Rosário, coordenada pelo monitor Diego Hemétrio; pocket shows; performance de Edmundo Veloso Bidûffer Barraba Caetano Kondzoká e Ludmila Kondziolková; lançamento do ato-revista A Língua do Bispo; feira de cerâmica; exibição de vídeos e baile de Black Music no encerramento. O evento tem entrada franca.
SERVIÇO
Exposição “Pássaros que vivem avoando, vivem avoando sem nunca mais parar”
Artistas do Centro de Convivência Arthur Bispo do Rosário
Período: de 15 de agosto a 10 de setembro
Abertura: 15 de agosto, das 15h às 22h
Horário da exposição: das 14h às 20h
Endereço: Rua Pouso Alegre, 2048 – Santa Tereza. Belo Horizonte
Entrada gratuita.
FICHA TÉCNICA
Curadoria: Ana Pedrosa, Maíra Paiva e Nazareth Melo
Produção geral: Karen Zacché e equipe do Centro de Convivência Arthur Bispo do Rosário / Gustavo Maia, Marci Silva – Galeria Mama/Cadela.
Expositores: Rogério Sena, Amaral, Lívio Fernando, Beatriz Perrela, Carlos Alberto, João Alexandre, Geraldo Vieira, Otoniel Andrade, Juliano Silva, Airton Meirelles, Edmundo Veloso, Cláudio Márcio, Jerry Antônio, Frederico Eymard, Antônio Eustáquio, Antônio Carlos, Bruno Cleto, Jessé Herói, José Pereira, Vânia Lúcia, Miguel Pires, Elon Rabin, Marcos Morel, Wellington Dias, Nilsa, Osvana Rodrigues, Fernando Gomes, Rafael dos Santos, Jorge da Fonseca, Maria da Conceição Alves, Derlinque Antônio, Cássio, Clarita Nunes, Davi Nascimento, Lucília Gontijo, Gabriel Lopes, Romney Marcelo, Paulo, Karina Ferreira, Bolivar Alves, Fátima Pereira, Amaro Pereira, Rosinha, Nilton Santos, Raquel Marques, Regina Camargos Silva, Laura Barbosa e Virgílio (in memoriam).
Mais informações: (31) 2552-2048, www.mamacadela.com.br
