Salve Jorge, saravá Ogum - Santa Tereza Tem
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Salve Jorge, saravá Ogum

Salve Jorge, saravá Ogum, o dia do santo guerreiro, é comemorado em 23 de abril

Salve Jorge, saravá Ogum
Salve Jorge, saravá Ogum


Dia de festa em muitas igrejas e centros de Umbanda e Candomblé. É dia de São Jorge, o santo guerreiro, mas também o dia de Ogum, igualmente orixá guerreiro. Lendas e fatos se misturam na história do jovem tribuno nascido na Palestina ao tempo do imperador Diocleciano.

Membro do Conselho Imperial, ele se rebelou quando o imperador ordenou a perseguição aos cristãos. Levado diante de Diocleciano, quando este o aconselhou a a pensar em sua carreira, Jorge manteve sua decisão. Foi, então, foi atado a uma roda com pontas de aço que lhe arrancavam pedaço a pedaço da carne. Parecendo morto, foi deixado no chão pelos algozes.

Entretanto, três dias depois, para espanto geral, se levanta e vai novamente protestar junto ao imperador. É amarrado a um leito de cal viva, perfurado por ferro em brasa e obrigado a tomar um veneno. Jorge continua vivo. Colocado diante de uma estátua de um deus pagão, ela cai toda em pedaços, com as pessoas fugindo apavoradas. Deocleciano, em última instância, ordena que ele seja decapitado. Ele tinha 23 anos.

No lendário, Jorge é apresentado como defensor e salvador de uma princesa, prestes a ser devorada por um dragão, dando origem a uma das imagens com que é lembrado. Esta mistura de lenda e realidade foi uma das razões em que, num determinado momento, a Igreja Católica quisesse “retirar São Jorge dos altares”. Mas a devoção continuou e continua forte, principalmente entre sírios, portugueses e em um país católico, a Inglaterra, do qual é padroeiro.Jorge foi também reverenciado na cavalaria medieval e dos templários, tornando-se padroeiro da Ilha de Malta, ponto obrigatório das Cruzadas.

No Brasil, o santo é venerado desde os primeiros tempos e seu sincretismo religioso com o orixá Ogum lhe confere importância ainda maior, a tal ponto que, por exemplo, no Rio de Janeiro, 23 de abril é feriado municipal.

Destacado dentro dos cultos afro-brasileiros, Ogum é o orixá das guerras e demandas, dominando, ao lado de Exu, os caminhos e encruzilhadas. Seu metal é o ferro, levando nas mãos uma espada com que executa vistosa e forte coreografia durante as sessões. Sua saudação é “ogunhê patacuri” e suas comidas prediletas são o feijão-cavalo, feijão-preto, azeite de dendê e carne bovina. Suas cores rituais são diversas. Em alguns lugares, azul-marinho. Em outros, o vermelho ou o vermelho e preto.

Sua personalidade forte e seu poder como “abridor dos caminhos” tornaram constante sua presença na cultura popular e nas artes de um modo geral, havendo, em alguns lugares até cavalhadas e folguedos especiais em sua homenagem. Belo Horizonte mesma tinha, há algumas décadas, um grupo que se denominava “Cavaleiros de São Jorge” e que participava de eventos religiosos e cívicos, o mesmo acontecendo em Guaxupé, no Sul de Minas, em região de forte agrupamento de povos do Oriente Médio.

O nome Jorge é comum no Brasil, bastando citar, na música popular, Seu Jorge, Jorge Ben Jor, Jorge Goulart, Jorge Aragão, Jorge Mautner, Jorge Vercilo e Jorge do Peixe. Seis deles, aliás, em 2007, se reuniram para uma Noite de Todos os Jorges (Ben, Mautner, Aragão, Seu Jorgre, Vercilo e Jorge do Peixe). No ano passado começou a ser lançada uma ideia para ser criado a Festa Nacional dos Jorges. Ogum, por sua vez, é presença constante músicas, uma das mais famosas a “General da Banda” , de Satyro de Melo e Tancredo da Silva Pinto, este último, por sinal, difusor da nação omolokô da Umbanda e Candomblé. Por tudo isso e muito mais, Viva São Jorge e Saravá Ogum!

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