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O que é o choro?

O que é o choro?

Chorinho, obra de Portinari
Chorinho, obra de Portinari

 O que é o choro? Por que este nome? Para responder às perguntas, façamos uma viagem no tempo e cheguemos ao Rio de Janeiro lá pelos idos de ‘1880, quando nasceram os primeiros grupos que passaram a ser chamados de chorões. Eram, principalmente, funcionários de empresas como a Central do Brasil, Correios e Telégrafos, Alfandega e empregados no comércio estabelecido na Avenida Central, hoje Rio Branco. Eles se reuniam, tendo por base o chamado “pau-e-corda”, formado por flauta (normalmente de ébano naquele tempo) violão e cavaquinho. A flauta fazia o solo, o cavaquinho era o “centro” e o violão, a “baixaria”. Por causa do estilo meio “plangente” das músicas que interpretavam nasceu o nome, “choro”. E os músicos eram os “chorões”.

A maior parte dos primitivos chorões teve os seus nomes esquecidos, mas um deles ficou imortalizado, Joaquim Antônio da Silva Calado. De certa forma, ele começou a sistematizar ao reunir em seu redor alguns destes pequenos grupos.

 Em pouco tempo, final do século 19, início do século 20, outros instrumentos foram se juntando ao núcleo básico e, quando a discografia começou no Brasil, grupos de choro já figuram entre as primeiras gravações registradas por Fred Figner, na Casa Edison, Rio de Janeiro. Nomes importantes da música estão presentes nestes discos ou nas composições: Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros, Irineu Batista, Mário Cavaquinho, Antônio Maria Passos, Sátiro Bilhar, Candinho Trombone e, principalmente, um senhor chamado Alfredo da Rocha Viana Filho, que ficou mais conhecido como Pixinguinha.

 Nascido em 23 de abril de 1898,( por causa disso é a data de hoje é o Dia Nacional do Choro), Pixinga deu uma dimensão maior ao choro, primeiramente com o conjunto Oito Batutas, depois em imortais gravações feitas com Benedito Lacerda.

 Já considerado como um dos ritmos marcantes da música brasileira, o choro, ao longo dos tempos, teve outros nomes importantíssimos a ele vinculados. Pessoas como Zequinha de Abreu, Luperce Miranda, Waldir Azevedo, Jacob Pick Bittencourt (Jacob do Bandolim), Garoto, Canhoto, Abel Ferreira, Ratinho, Ernesto Nazareth, Villa Lobos, Paulo Moura, Paulinho da Viola, a fantástica cantora Ademilde Fonseca, Déo Rian, Copinha, Zé da Velha, Severino Araújo, Dante Santoso, Carlos Poyares, Raul de Barros e Altamiro Carrilho, entre muitos…

Coube a Altamiro, inclusive, um importante momento. Com ele, praticamente, o nome choro se adocicou e se transformou em chorinho. Nomes não faltam. Um, entretanto, não pode faltar. O do publicitário e produtor musical Marcus Pereira que, na década de 70, quando o ritmo estava quase esquecido no meio do rock, jovem guarda e música de protesto, começou a gravar elepês de choro, recuperando e renovando o gênero.

 Hoje, o choro é cada vez mais prestigiado e neste aspecto, Belo Horizonte é um dos berços marcantes de grupos e choros. Sejam lembrados, entre tantos, nomes como Erasto Meniconi, Delê, Castilho, Djalma Pimenta, Veludo, Silvio do Trombone, Ofir Mendes, Serrinha e Waldir Silva, Godofredo Guedes, Juquinha do Sax, Dodô do Cavalo, Geraldinho Alvarenga, Ausier, Zé Carlos, Ildeu, Triskei e Triskeizinho, a turma do Clube do Choro, o Flor de Abacate, Lucinha Bosco, Gisele Couto, Ligia Jacques, Aline Calixto, Zé da Guiomar, Marcos Frederico, Lucinha Branca e tantos e tantos outros que se torna quase impossível lembrar.

Importantíssimo nesta riqueza do choro entre nós é o projeto SESC Chorinho e Samba na Praça, promovido pelo SESC-MG e que, toda a semana, em Belo Horizonte ou em alguma cidade do interior, apresenta nomes fundamentais do choro e do samba em nossa terra.

Por sinal, o projeto, para lembrar e homenagear o Dia Nacional do Choro (hoje) promove, no próximo sábado, dia 25, na Praça Duque de Caxias (Santa Tereza) uma noite de gala, com a presença dos grupos Flor de Abacate, Quatro a Zero, Época de Ouro (fundado em 1969, por Jacob do Bandolim), as francesas Aurelie e Verioca (que compõem e cantam músicas inspiradas ou de origem brasileira) e o bandolinista (um dos mais importantes do Brasil), Hamilton de Holanda. Para mim vai ser uma honra participar de mais este evento e estamos convidando a todos. A partir das 19h. E viva o choro e todos os chorões deste nosso Brasil.

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