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Resgate a tradições em Santa Tereza

Resgate a tradições em Santa Tereza, no último sábado, movimentou o bairro com a realização de dois eventos

No sábado, 28/03, Santa Tereza recebeu dois programas especiais: a “Rua de Cultura – Oficina de tapete de serragem colorida”, ministrada pelo artista plástico Rodrigo Câmara e o “Empório Casa Natural – Pra você eu guardei”, organizado pelo arquiteto Carlos Solano. Os dois eventos foram realizados em pontos diferentes do bairro, mas tiveram em comum o resgate de costumes e tradições antigos, o alcance à memória afetiva das pessoas e o estímulo ao reaproveitamento de materiais, além de oferecerem acesso gratuito.

Rua de Cultura – Oficina de tapete de serragem colorida

Rodrigo e sua mãe, Berenice Câmara, ensinam uma tradição familiar
Rodrigo e sua mãe Berenice ensinam uma tradição familiar

Foi na Rua Monsenhor João Martinho, a menor rua do bairro, de apenas um quarteirão, que as pedras do calçamento ganharam cores e formas. Entre 10h e 16h, o artista plástico Rodrigo Câmara aproveitou o espaço para ensinar às crianças a arte de enfeitar a rua com tapetes de serragem, tradição que ele aprendeu na infância com seus familiares e vizinhos, na cidade de Ouro Preto, onde ocorre anualmente uma das mais tradicionais cerimônias religiosas durante a Semana Santa. “Minha família é de lá e eu cresci participando desse ritual de preparar as ruas para receber a procissão do Domingo de Páscoa. É um evento que reúne pessoas, arte e fé. É prazeroso e emocionante!”, relata o artista, que se dedica em repassar a herança cultural que recebeu às novas gerações.

A oficina abordou todo o processo da produção dos tapetes, que é feita de forma simples e permite o reaproveitamento desde a matéria-prima até o produto final. O polvilho azedo que perdeu o prazo de validade se torna a serragem, a semente de urucum faz a tintura e a água captada da chuva serve para umedecer a mistura até dar o ponto ideal. “A partir daí, é só soltar a imaginação e criar os desenhos no solo. Um trabalho perfeito para ser feito coletivamente. E depois, quando desmontado o tapete, o material feito com recursos naturais pode virar adubo”, ensina Rodrigo.

Ana Beatriz

Ana Beatriz de Araújo, 10 anos, veio do Sagrada Família com a mãe, Márcia, participar da oficina e ficou muito interessada. “É muito legal. Já fiz a flor e o coração. Não sabia que era assim que fazia as cores,” conta ela, com as mãos cheias de tintas. A mãe de Beatriz explica que a família é de Ouro Preto e achou importante mostrar a ela a tradição dos tapetes coloridos.

 Davi Stell Costa Duarte, 9 anos, morador de Santa Tereza, antes de falar sobre a atividade fez questão de contar: “Tem pouco tempo que a gente mora aqui e minha casa tem quintal e varanda”.  Orgulhoso, mostra a flor e o retângulo que ele ajudou a cobrir de serragem, dizendo: “A gente coloriu a serragem,  encheu os desenhos e a rua ficou muito bonita. Gostei!”

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Casa de lembranças

Imóvel na Rua Divinópolis sediou o Empório Casa Natural
Imóvel na Rua Divinópolis sediou o Empório Casa Natural

Na Rua Divinópolis, nº 121, a linda casa, indicada para tombamento e que hoje é ocupada pelo Instituto Gurdjieff, abrigou o Empório Casa Natural, que se manteve de portas abertas entre 9h e 17h do sábado. No local, o arquiteto Carlos Solano promoveu uma exposição de elementos ligados aos cuidados com a casa, todos repletos de simplicidade, valorização do natural e que ativam a memória afetiva por trazerem à tona antigos costumes.

No saguão de entrada, o anfitrião vendia e autografava seu mais recente livro publicado, o “Nossas árvores – O Resgate do Sagrado (Significados, Usos terapêuticos, poesias, lendas, informações, curiosidades, cuidados)”, entre outras obras. Outro salão da casa dava espaço para plantas suculentas, cultivadas em pequenos jardins que também estavam à venda. Quem chegava ao fundo da casa, se surpreendia com uma feira de produtos decorativos diversos, em que se destacavam artesanatos em tecidos, bordados, cerâmicas, patchwork, metal, etc. E também alimentos feitos à mão, como vinagre, azeite, sal de ervas, biscoitos, geleias e doces.

Flora Scoldi produz arte em tecido e recicláveis
Flora Scoldi produz arte em tecido e recicláveis

A artesã Flora Iscoldi, moradora de Santa Tereza, expôs sua arte em tecidos voltada para decoração de ambientes internos. Segundo ela, o objetivo do trabalho é surpreender as pessoas com produtos que encantam pela beleza e oferecem uma funcionalidade além da convencional. Por exemplo, o cabide que esconde um cofre; a almofada de leitura onde se guarda o livro de cabeceira; o banco de apoiar os pés que também serve de assento. “Gosto de trazer novidades e sempre que possível utilizar o reaproveitamento, seja por meio de garrafas de vidro que seriam descartadas, retalhos de roupas, entre outros”, descreve.

Bonecas de pano de Lílian Santos
Bonecas de pano de Lílian Santos

Lílian Santos, do ateliê Estação da Arte, expôs as bonecas feitas em patchwork, que chamavam a atenção pela delicadeza e originalidade. “Elas sempre foram meu carro-chefe, porque é um objeto que agrada muito meninas e mulheres de várias gerações, que as querem para decorar e para brincar. São as antigas bonecas de pano que resistiram ao tempo e agora têm nova roupagem”, relata a artesã. 

“O interessante de expor aqui em Santa Tereza é que o público é diferente de outros lugares,  a gente sente que as pessoas apreciam e valorizam a nossa arte”, comenta Lílian.

Vânia, Maria e Michele preservam a memória gustativa da infância
Vânia, Maria e Michele preservam memória gustativa da infância

As irmãs Vânia Soares, Maria D’ark e sua filha Michele Silva levaram biscoitos de rapadura, casca de laranja cristalizada e geleias de casca de banana e de pimenta, da marca “Sagrado Sabor”, que são produtos feitos a partir do resgate de receitas da avó. Elas vieram de São Joaquim de Bicas e revelam o prazer da experiência: “Gostamos muito de cozinhar, é um hábito que já é tradição familiar. Essas receitas tem para nós um gosto de infância, de carinho de avó, e é muito bom poder compartilhar esse sentimento tão gostoso com as pessoas”.

Elena Campos, administradora, passou pelo evento e aprovou a proposta: “Adorei ver tantas opções interessantes de artesanato e de alimentos que fazem resgate de tradições e costumes. O Santa Tereza estava carente desse tipo de evento, que tem tudo a ver com o bairro e tem ótima curadoria”.

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