Presidente da Fiemg fala sobre o Mercado - Santa Tereza Tem
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Presidente da Fiemg fala sobre o Mercado

Presidente da Fiemg fala sobre o Mercado de Santa Tereza

Em entrevista à  jornalista Eliza Peixoto com presidente da Fiemg, Olavo Machado, conversou sobre diversas questões relativas ao Mercado Distrital de Santa Tereza. Fica claro que antes da assinatura do acordo da entidade com a Prefeitura de Belo Horizonte, já havia sido acertado que a prefeitura iria derrubar a Área de Diretrizes Especiais (ADE), que protege o bairro contra a verticalização e descaracterização de Santa Tereza. Ou seja, todos já sabiam que a Lei seria violada. Demonstra que o abaixo-assinado com 2500 assinaturas de moradores do bairro contra a ocupação da Fiemg tem sido ignorado, assim como o parecer do Ministério Público sobre a ilegalidade do acordo PBH/Fiemg.

Mais ainda, o início das obras é apenas questão de tempo, que a opinião contrária é vista apenas como coisa de “grupinho”, que dentro do espaço será feito o que a Fiemg achar melhor para seus propósitos e não para os moradores, quando ele diz “que podemos levar benefícios para o bairro, apoiar a sociedade cultural, mas dentro dos nossos critérios.”

Olavo Machado reclama que “Só nos deram até agora os ônus, de cuidar daquilo, gastar dinheiro, para ficar discutindo com morador de Santa Tereza se nós devíamos estar lá ou não. O que estamos fazendo é cuidar do terreno e, esporadicamente, podemos guardar alguma coisa lá”.

Confira a entrevista na íntegra:

STT: Segundo a Regional Leste, a Fiemg retirou a solicitação do EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) para o projeto do Mercado. Por quê?

OM/Fiemg: Retiramos para acertar, pois no EIV havia uma área que era da prefeitura, um Centro de Atendimento da Prefeitura. Coisa de engenheiro. Tiramos para fazer correção e readequação.

STT: O que são as carcaças de automóveis fotografadas recentemente interior do mercado?

OM/Fiemg: Estamos fazendo um grande evento, a Olimpíada do Conhecimento Nacional que será no Expominas, em setembro. Alugamos um grande armazém em Contagem, mais perto do Expominas, para guardar o material, que irá chegar para o evento. Esse aluguel atrasou e o material chegou. Armazenamos esse material lá, mas já foi levado para o devido lugar.

STT: Então a Fiemg já assumiu o Mercado?

OM/Fiemg: O que tem é o seguinte. Ficamos com a responsabilidade, desde o primeiro momento, em que foi assinado o acordo com a prefeitura, de cuidarmos do imóvel, colocamos vigilância lá e estamos gastando uma “baba” de dinheiro. Quando precisamos colocar uma meia dúzia de carcaças de carros, momentaneamente lá, não vemos nenhuma razão de falar que estamos desvirtuando. Vamos fazer a obra na hora que for autorizada. Hoje só estamos cuidando do terreno e, esporadicamente, podemos guardar alguma coisa lá. Só nos deram até agora os ônus, de cuidar daquilo, gastar dinheiro, para ficar discutindo com morador de Santa Tereza se nós devíamos estar lá ou não.

STT: Então a ideia da escola continua?

OM/Fiemg: Continua. Estamos fazendo o projeto. Estamos aguardamos as liberações legais. Fizemos uma pesquisa no bairro e o resultado mostrou que a grande maioria quer que se faça a escola. Os números de pessoas na escola foram distorcidos. O número correto é que vamos ter 600 alunos em cada turno, que no final do ano vai permitir que a gente forme quatro mil pessoas, pois tem cursos de curta duração. Se o problema é o impacto de pessoas em Santa Tereza, isso não existe.

STT: Mas a instalação da escola vai contra a ADE, pois terá 6 mil metros quadrados, ao contrário do permitido, que é 400m².

OM/Fiemg: O prefeito ficou de tomar as providências de modificar a ADE e ele já modificou isso aí. Uma escola de 400m² é uma casa. Por que o Colégio Tiradentes está lá? Por que o Tiradentes não sai de lá?

STT: O Tiradentes já existia antes da Lei da ADE …

OM/Fiemg: A cidade evolui, as oportunidades aparecem e, com certeza, quando fizeram a Lei não havia investidor para isso. Depois da pesquisa, que deu que a maioria da população é favorável, isso tudo muda, inclusive, as medidas legais, que a prefeitura tem que tomar para as mudanças, que vão ser feitas.

STT: E o abaixo assinado de 2.500 assinaturas não é considerado, sendo que foram entrevistadas apenas 900 pessoas para a pesquisa da Fiemg?

OM/Fiemg: Vale mais o impacto de uma pesquisa que foi feita com pessoas, que foram perguntadas, do que o abaixo assinado. Esses problemas todos são resolvidos com o prefeito. Podemos levar uma escola para levar conhecimento, umas pessoas não enxergam que isso é o melhor e outras enxergam como contribuição para o bairro.

STT: Houve denúncias de que a pesquisa foi dirigida para ter esse resultado…

OM/Fiemg: Qualquer uma pesquisa que se fizer, vão falar sempre que está dirigida. Porque eles não fazem então uma pesquisa? Não temos interesse em dirigir nada, gente, contratamos uma empresa especializada em pesquisa e idônea para ter uma acusação dessas. A pesquisa foi feita com técnicas e não interferimos nisso. A técnica mostra que a tendência maior é de pessoas que acham que a escola deve ser feita. Têm 2000 mil assinaturas, mas qualquer pessoa de Belo Horizonte pode achar que não deve ter escola lá.

STT: Mas as assinaturas têm endereço, telefone, identidade e mostram que quem assinou é morador do bairro. Isso não conta?

OM/Fiemg: Eu vi o abaixo assinado, por exemplo, tem seis assinaturas de uma casa, não é uma tendência? Se eu coloco pai, filho e espírito santo, não traz o reflexo daquilo que é importante para lá. Se tivermos demonstração de que é não é isso que Santa Tereza quer não iremos. Se tivermos a demonstração de que não é isso que Santa Tereza quer. Se fizerem uma pesquisa séria, com base e mostrar que a maioria não quer, não iremos. Nós não precisamos de ir pra lá não, gente. Tem muita gente querendo nossas escolas. Tem gente que faz e nos doam as escolas.

STT: Se tem outros locais pedindo a Escola porque a insistência em Santa Tereza?

OM/Fiemg: A questão da mobilidade e de ser de fácil acesso. Não fazemos escolas só em Santa Tereza, vamos fazer escola também em Venda Nova e Barreiro. E escolas grandes. A cidade precisa disso. Há algum investidor que vai fazer um investimento do mesmo porte, com recursos garantidos? Vamos gastar 20 milhões para a instalação inicial da escola e mais o necessário. Tem alguém mais com esse recurso para investir lá no mercado?

Agora as pessoas que estão defendendo Santa Tereza correm o risco de especulação imobiliária lá. Por exemplo, a prefeitura vendeu o mercado da barroca para fazer prédio, um baita hospital. Santa Tereza não corre esse risco. Vocês terão é a chance de ter jovens, indo para o bairro, talvez até para aprender mais cultura que é o que mais tem lá.

O lugar está quinhentas vezes melhor do que recebemos. Saíram mais de 30 caminhões de lixo. Acredito que apesar de não nos considerarem de Santa Tereza, podemos mais é ajudar. O pessoal não está enxergando isso, podemos levar benefícios apoiar a sociedade cultural, mas dentro dos nossos critérios.

STT: Como o senhor vê o parecer do Ministério Público que considera ilegal o acordo com a prefeitura e a Fiemg?

OM/Fiemg: Olha, problema da ADE, o problema político, tem de ser resolvido com o prefeito e não com o Ministério Público. Por que não continuamos a obra naquele momento? Porque havia uma dúvida a ser acertada. Ao que nos consta, o prefeito e os vereadores mudaram a tal da ADE, permitindo aquilo precisamos de fazer lá. Se é legal, vamos usar. Se for ilegal não fazemos. Agora, não podemos ficar sujeito a “achos”. Cada um acha uma coisa e tem uma vontade. Na hora que nossos advogados e engenheiros estiverem com a aprovação de tudo e chegamos à conclusão que vale o investimento, nós faremos. Se chegarmos à conclusão que não vale… Não queremos ir para criar um problema para Santa Tereza. Se fosse meio a meio, não iríamos. Mas uma vez que a manifestação da pesquisa deu um número maior que se faça e há um desentendimento sobre o que será feito lá não podemos ficar sujeitos a um grupinho que nos impede. Não, gostaríamos que todos vissem o investimento que vamos fazer lá como favorável e importante para Santa Tereza. A parte social que faremos lá soma muito com Santa Tereza.

STT: A Fiemg não interessaria em fazer no mercado em lugar da escola automotiva ao condizente com o ambiente de Santa Tereza?

OM/Fiemg: Não. A escola é automotiva nesse momento, mas amanhã pode ser virada para outros interesses de escolas do SENAI e adaptadas para outras atividades empresariais e industriais do SENAI. Temos uma área cultural muito forte dentro dos objetivos do SESI. Teremos uma área do SESI lá. Temos no SESI uma área de lazer que grupo de dança, orquestra, grupo de show, choro… Tem um monte de coisa que soma com Santa Tereza. Podemos levar isso para Santa Tereza? Podemos. A escola vai formar pessoas na manutenção de automóvel e não significa que vai ter carro rodando por lá.

O problema é o seguinte o imóvel continuará sendo da prefeitura, só vamos usar e dar uma valorização ao imóvel. Não vamos construir nada lá. Vamos reformar. Nós limpamos tudo. Isso não vai descaracterizar a ADE, pois vamos reformar o prédio, vamos usar o terreno do estacionamento e fazer um centro de atividades para as pessoas que moram em Santa Tereza. Santa Tereza não quer? Quem não quer? Quem fala por Santa Tereza? Faz a pesquisa, não serve. A pesquisa indica que a maioria gostaria de ter isso lá. Seria importante Santa Tereza conhecer nossas escolas, ela só vai valorizar o bairro.

STT: Depois de pronto o EIV, por que vocês não fazem uma reunião com a comunidade de Santa Tereza para mostrá-lo?

OM/Fiemg: Se não tiver empecilho para continuar o projeto, queremos que a população tenha a escola como um bem. Não é nosso interesse confrontar com a população, mas tudo tem um limite. Tem um interesse que passa por cada um de Santa Tereza

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