Santa Tereza tem música: as estações de Eduardo Tofani - Santa Tereza Tem
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Santa Tereza tem música: as estações de Eduardo Tofani

Se a vida fosse uma viagem de trem, Eduardo Tofani já escolheu sua estação de parada preferida: Santa Tereza. Responsável por um restaurante próximo à Praça Duque de Caxias, músico e morador do bairro por toda a vida, Eduardo acredita que a cultura deve estar presente em todas as coisas da vida; e hálugar melhor para isso do que Santé?

Em uma conversa na praça, olhando para a Igreja de Santa Tereza e Santa Teresinha, Eduardo conta que sua família está no bairro desde antes da construção do templo. E ele não tem a menor intenção de sair. “Nenhum outro lugar me atrai. Meus filhos saíram daqui adolescentes, hoje moram no exterior e sempre me chamam, mas o amor que sinto pelo bairro é muito grande. Não sei o que é viver fora daqui!”, exclama.

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Além de morar no bairro, Eduardo deu um jeito para trabalhar em Santa Tereza, também. Há oito anos, ele está à frente do restaurante Estação da Carne (Rua Mármore, 593), espaço que já abrigou o trabalho de diversos artesãos, muitos deles residentes no bairro. Devido a dificuldades de organização, no entanto, a iniciativa foi interrompida. “A casa enchia, a atividade era divulgada, mas estava muito trabalhoso para mim. Quem sabe, com algum parceiro e mais insistência, não tivesse dado certo?”, conjectura ele. Tanto como morador quanto como empreendedor, ele vê com esperança a criação de um centro cultural no antigo cinema, a poucos metros do restaurante. “Toda porta que se abre para a cultura enriquece o espaço ao redor, sempre há alguma atividade que atrai as pessoas do bairro e de fora”, afirma ele, para quem a cultura é fundamental. Atualmente, Eduardo Tofani se desdobra em dois projetos. O primeiro é a possibilidade de manter o estabelecimento aberto à noite. “Eu e meu sócio ainda estamos vendo como operacionalizar isso, não sabemos se será como um bar ou restaurante”, revela, mas garante que o espaço sempre estará aberto para apresentações musicais e artísticas de todo tipo. Já o segundo projeto, mais pessoal, é de uma paixão que corre em paralelo na vida de Eduardo.

“Estava conversando esses dias com o Paulo Márcio, trompetista do Skank, para ver o que é preciso para que eu grave um álbum musical”. Eduardo aprendeu a tocar acordeom com seis anos, passou para o violão na adolescência e descobriu que não podia parar de compor. “Cheguei a participar de festivais, mas vieram os filhos e procurei uma fonte de renda mais estável. Mesmo assim, nunca deixei de juntar material”, revela, ele que já gravou um disco anteriormente. Desta vez, quer fazer algo diferente.

“Quero divulgar esse disco com mais seriedade”, conta. As composições já estão prontas, apenas esperando para serem gravadas – um processo que pode demorar muito para um artista que não conta com apoio financeiro. “Tem que ser tudo conversado para poder fazer. Se for esperar a verba aparecer, o disco não sai!”, comenta ele. Eduardo revela que, muitas vezes, as ideias surgem enquanto ele caminha pelo bairro. Mas diz que não há grandes chances dele se apresentar em Santa Tereza.

“Gosto mesmo é de compor, de criar. Já me apresentei algumas vezes, mas sempre a contragosto. Eu pergunto ‘poxa, não dá pra chamar outro cara, não?”, confessa entre gargalhadas. Ele também afirma que sua vida profissional não permite uma dedicação a ensaios como a vida de um músico pede. A cultura, a música e a gastronomia se combinam em Santa Tereza de uma forma única. Nessa estação, só podemos esperar que  o trem de Eduardo Tofani traga mais novidades.

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