A humanidade chora a perda de Mandela - Santa Tereza Tem
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A humanidade chora a perda de Mandela

Depois de enfrentar, quando ainda jovem, uma condenação à morte; depois de 29 anos de prisão por lutar contra o apartheid; e de enfrentar um câncer, o gigante, enfim, descansa.

O nome Nelson ele recebeu de uma professora primária, que dizia ser preciso que ele tivesse um nome cristão e inglês. Por outro lado, as pessoas que gostam dele na África do Sul, chamam-no também de Madiba, que é uma forma respeitosa usada entre as pessoas do povo Xhosa, do qual ele é membro, que vivem na região do Transkei, onde ele nasceu.

Não é apenas a África do Sul que chora a perda de Nelson Rolihlahla Mandela. O mundo inteiro sabe que perdeu um líder, uma pessoa iluminada. Prestes a completar 95 anos (no dia 18 de julho próximo), Nelson Mandela, como era conhecido no mundo, ou Madiba, como era tratado respeitosamente em seu país, faleceu ontem, após agonizar durante semanas.

         Sua origem era nobre. Seus pais eram Henry Mgadla Mandela e Noseki Fanny, membros de uma antiga família aristocrata da Casa Real de Thembu. Tinham posses e privilégios que, um dia, foram retirados pela Coroa Britânica. Conseguiram sobreviver dignamente até a morte de Henry Mgadla, em 1927. O menino teve que ser entregue a parentes que pudessem criá-lo e educá-lo.

Desde jovem Mandela mostrou sua vocação de lutador. Aos 19 anos foi expulso da universidade. Não faltaram “motivos” para a expulsão: Mandela se envolveu com o movimento estudantil e contra as políticas universitárias. Já se envolvia, também, com a oposição ao apartheid. Nessa mesma época conheceu o CNA – Congresso Nacional Africano. Passou a integrá-lo e depois, em 1942, fundou a Liga Jovem do CNA.

No início da década de 50, Mandela e seus companheiros realizaram um grande movimento de desobediência civil protestando contra as políticas segregacionistas. O movimento gerou a CARTA DA LIBERDADE, importante documento da luta contra o apartheid. Em 1956, o incômodo Mandela foi preso e condenado à morte, por traição. Mas a repercussão internacional da condenação impediu sua execução e provocou sua soltura.

Um parêntese para mostrar que “luta” (contra políticas atrasadas, errôneas, injustas ou inumanas) e “Mandela” eram quase sinônimos. Mandela mudou-se para Johannesburgo para fugir de uma tradição de seu povo: um casamento arranjado por sua família…

Mandela escapou da sentença de morte, mas não escapou da condenação à prisão perpétua, em 1962. Foi o preso 466/64 na penitenciária da Cidade do Cabo, uma ilha a alguns quilômetros da costa. Cumpriu lá 27 anos, mesmo com toda condenação internacional à pena tão exagerada.

O motivo dessa condenação foi a brusca mudança de posição política de Nelson Mandela. Inicialmente, o movimento CNA/Jovem, contra o apartheid, era pacífico. Mas em 1960 dezenas de manifestantes negros (desarmados) morreram em um protesto que tomou conta da cidade de Sarpeville. Mandela resolveu criar um “braço armado” do CNA e o chamou de “Lança da Nação”. Os líderes segregacionistas, claro, mandaram prender os líderes negros. Mandela foi preso em cinco de agosto de 1962. Processado, foi condenado à prisão perpétua em 1964 e ficou na prisão até 1990. No total, 29 anos, sendo 27 na ilha-prisão.

Em 1990 a pressão internacional contra o apartheid finalmente deu resultado. O então presidente da África do Sul, o conciliador Frederik Willem de Klerk conseguiu libertar Nelson Mandela e, juntos, conduziram o processo que deu fim ao apartheid na África do Sul. Em 1992 as leis segregacionistas foram abolidas. No ano seguinte ele ganhou, juntamente com o presidente branco da África do Sul, o Nobel da Paz. Merecida a homenagem aos dois. A demolição do apartheid foi obra dos dois e se insere na história da humanidade como uma de suas mais importantes revoluções políticas. Sem guerras, sem chacinas, sem ódios.

Em 1994, para coroar a luta, Mandela foi eleito presidente da África do Sul. Continuou eliminando as políticas e práticas racistas de seu país. Não perseguiu ninguém, não violentou pensamentos, nem pessoas. Fez tudo à base do diálogo, da força de sua liderança e de seu povo, negros e brancos, que não toleravam mais a política racista oficial.

UM COMENTÁRIO

Se me permitem um comentário pessoal, eu me pergunto como foi possível que um homem, após passar quase 30 anos preso, é libertado e, sem um pingo de revolta ou ressentimento, retoma sua luta, assume a liderança de seu povo e, pacificamente, comanda a transição de regime político de seu país? – Não incentivou e nem mesmo permitiu uma revolta negra que seria até compreensível. Pelo contrário. Avalizou a transição. Era, realmente, um iluminado, um MADIBA. É por isso que digo: não é apenas a África do Sul que chora por Mandela. Choramos todos e lhe desejamos um descanso mais que merecido. Ao povo da África do Sul e a seus familiares, nossos sentimentos.

Frases de Nelson Mandela

“Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.”

“Uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação.”

“Não há caminho fácil para a Liberdade.”

“A queda da opressão foi sancionada pela humanidade e é a maior aspiração de cada homem livre.”

“A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias.”

“A educação e a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo.”

Um pouco mais

Desde 2010 a Assembleia Geral da ONU celebra o dia 18 de Julho como o Dia Internacional de Nelson Mandela.

Livros de Mandela:

o   A Luta da Minha Vida – biografia. (1989)

o   Conversas que tive comigo. (2010)

o   Vencer é possível (1998)

Veja também:

o   Apartheid – História da África do Sul

o   Nelson Mandela – uma lição de vida. Autor: Jack Lang, Editora Mundo Editorial.

o   Mandela – Retrato Autorizado. Autor: Ahmed Kathrada, Editora Ales Trade Comércio.

o   Os caminhos de Mandela. Autor: Richard Stengel, Editora Globo.

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