Moradores da Vila Dias dizem não à remoção - Santa Tereza Tem
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Moradores da Vila Dias dizem não à remoção

Na quinta-feira, 27 junho, 2013, os moradores da Vila Dias, em Santa Tereza, participaram de Audiência Pública naCâmara Municipal para debater com representantes da prefeitura (PBH) uma possível desapropriação dos mais de mil moradores do local diante das intervenções urbanas previstas para a área. 

A Audiência foi realizada pela Comissão deDireitos Humanos e solicitada pelo vereador Pedro Patrus (PT). Participaram do debate, representando a prefeitura, a diretora de planejamento da Urbel, Maria CristinaMagalhães e o arquiteto Tiago Esteves da Costa, Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana (SMARU), representantes dos moradores, o presidente da Associação de Desenvolvimento Assistencial dos Moradores da Vila Dias, Márcio Lisboa, Luis Carlos Cândido, o presidente da Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza, Ibiraci do Carmo. Além de dezenas de moradores, grupos defensores da Vila (Indisciplinar da UFMG e Brigadas Populares), os vereadores Pedro Patrus (PT) e Adriano Ventura (PT). Um dos principais pontos do debate foi a falta de informações sobre a situação da Vila Dias, diante da anunciada operação urbana que será realizada no vale do Ribeirão Arrudas, onde está localizada a comunidade, ao lado da Avenida dos Andradas e da Rua Conselheiro Rocha.

Outra questão levantada é o alargamento da Rua Conselheiro Rocha, ao lado da qual está localizada a maioria dos imóveis da Vila, prevista no Programa de Estruturação Viária de BH (Viurbs). Segundo os moradores, além de não ser necessária, a ampliação da via poderia ser feita do lado oposto, onde existem vários terrenos desabitados e a pista de cooper da Av. dos Andradas, sem necessidade de remover os imóveis.

Segundo Márcio Lisboa o silêncio da prefeitura provoca insegurança aos moradores, que de antemão não pretendem deixar o local, onde moram há mais de 30 anos.  “Estamos sem saber o que vai acontecer. Queremos ser esclarecidos com a verdade. O sistema administrativo vem atropelando de forma ditatorial os menos favorecidos. Queremos melhorias para a Vila e não sair de nossas casas,” afirmou ele.

 Luis Carlos Cândido também desabafou que “É um desrespeito com os moradores. A prefeitura toma decisões sem consultar os principais interessados, a comunidade. Já tiraram os moradores das torres gêmeas, mas nós não vamos sair.”.

Para Ibiraci do Carmo a Vila faz parte da comunidade, da história e da cultura de Santa Tereza e sua remoção está fora de propósito. O que o local precisa é de ações de urbanização para melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Foi discutido também o projeto de construção pela construtora PHV da maior torre da América Latina na Avenida dos Andradas, chamado de “Complexo Andradas”, que causará impactos negativos não só para a Vila, mas para todo o bairro. A ideia de construção do empreendimento foi rechaçada por todos.  

 Os representantes dos moradores pediram aos vereadores, Paulo Patrus e Adriano Ventura, apoio para que o projeto não se concretize. Os vereadores assumiram o compromisso publicamente de que a Comissão de Direitos Humanos, da qual fazem parte, estará junto com a comunidade nessa questão.

O grupo Indisciplinar da Escola de Arquitetura da UFMG, representado pelo advogado Joviano Mayer, apresentou um trabalho sobre o “Complexo Andradas” e operações na região e disse que é premente evitar as remoções e a implantação do mega empreendimento, lutando pela permanência e a urbanização da Vila. Para ele, a pretensão vai de encontro à lógica adotada pela administração municipal de favorecer interesses imobiliários e econômicos em detrimento da cidade e dos cidadãos.

Ações

Os vereadores Pedro Patrus e Adriano Ventura aprovaram os seguintes encaminhamentos sugeridos pelos representantes dos moradores:

Formação de um comitê de acompanhamento e monitoramento do processo, formado por representantes da Associação dos Moradores da Vila Dias, do Grupo Indisciplinar da UFMG, das Brigadas Populares, da Câmara Municipal e do Ministério Público.

Envio de um ofício à SMARU solicitando a comunicação clara e detalhada sobre todo e qualquer estudo, diagnóstico e ato administrativo referente à operação urbana da região ou sobre o Complexo Andradas, e outro requerendo informações sobre o andamento e a alteração do Viurbs da Rua Conselheiro Rocha.

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Da esquerda para direita: Luis Carlos Cândido, representante dos moradores; Joviano Mayer, representante do Indisciplinar da UFMG; Márcio Lisboa, presidente da Associação de Desenvolvimento Assistencial dos Moradores da Vila Dias; Ibiraci do Carmo, presidente da Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza.

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