O alfaiate da Capitão Bragança - Santa Tereza Tem
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O alfaiate da Capitão Bragança

Por Rafael Campos

O ofício de alfaiate, muito comum antigamente, hoje, é quase uma raridade. É difícil ver uma placa de alfaiataria pela cidade. Em Santa Tereza, ainda a profissão resiste na pessoa de Rone Wilman de Oliveira Môia, que nos conta sua história.

“Certa vez meu pai disse que com um pente ou uma tesoura nas mãos eu poderia viajar o mundo, então, escolhi a tesoura”, diz Rone Wilman de Oliveira Môia, de 45 anos, o Môia da alfaiataria à Rua Capitão Bragança. O pai de Rone acreditava que um curso técnico, como o de barbeiro ou de alfaiate possibilitaria um futuro melhor e menos incerto do que as profissões de nível superior.

Rone cumpriu à risca o conselho do pai.  Dos seis irmãos, ele foi o único que seguiu fielmente os passos do pai e da mãe, costureira. Há 35 anos – começou comm10 anos ajudando os pais –, ele exerce uma das profissões que mais carecem de mão de obra e que parecem sucumbir às grandes redes de confecção. “Um dos principais diferenciais deste oficio é oferecer um atendimento personalizado. Cada pessoa é única”, diz o alfaiate.

Com mais de três décadas de trabalho, Rone viu e vê de perto as dificuldades do ofício. Devido ao número cada vez menor de alfaiates, ele fala das dificuldades e das horas extras que tem que fazer para atender os clientes com sua principal marca, a pontualidade. “Diariamente, não trabalho menos do que 12 horas”, revela. Mas ele não se importa com tanto tempo despendido com a tesoura e o esquadro. “Faço com amor e é muito gratificante ver uma peça bem feita e a satisfação do cliente”, diz Môia, que exerce também as funções de pastor protestante e educador social.

Além de entregar os inúmeros pedidos de consertos e produções de peças, ele tem de estar atento ao mundo das celebridades e até das novelas. “Não assisto, mas tive que ver a delegada Helô, devido a grande procura pelas calças de cintura alta e boca de sino que ela usava”, conta, ao se lembrar do sucesso da personagem da atriz Giovanna Antonelli, em Salve Jorge.

Clientes dos mais diferentes perfis procuram o alfaiate, seja para acertar uma simples bainha ou produzir um belo terno para solenidades políticas. A pequena loja é referência para deputados, vereadores, entre outras personalidades públicas.

E aproveitando a atmosfera cultural do bairro, a família Borges também já precisou dos elogiados serviços de Rone. “Sou eu que faço também as roupas do Helvécio Guimarães”, diz orgulhoso o alfaiate sobre o conhecido ator e diretor de teatro de Belo Horizonte. Também o premiado grupo mineiro Galpão já apresentou várias peças vestindo trajes confeccionados por Môia.

Então, não se surpreenda se você cruzar com uma personalidade conhecida pelas bandas da Capitão Bragança.

Fotos  e texto de Rafael Campos

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