Ateliês de Santê: Cézanne, arte para todos - Santa Tereza Tem
Logo

Ateliês de Santê: Cézanne, arte para todos


Tão pensando o quê? – Santa Tereza tem Cézanne também…

Texto e imagens: Isa Patto

Predestinado ou não, Geraldo Cézanne da Cunha, não tem apenas o sobrenome do grande pintor pós-impressionista francês do século XIX, Paul Cézanne.  Tem também o talento e para nós vale mais afetivamente, porque mora em Santa Tereza há 20 anos. O “nosso” Cézanne é bacharel em Artes Plásticas pela Escola Guignard e pós-graduando em Arte, Cultura e Criação.

Cézanne conta que a primeira vez em que veio para Santa Tereza tinha 15 anos. Desde então sempre frequentou os bares e a boemia do bairro. Para ele, aliás, como para muitos santaterezenses, nosso bairro é como uma pequena cidade, onde artistas foram ocupando espaços, angariando simpatias e representam, até hoje, a arte belo-horizontina e mineira.

Você pode conhecer alguns trabalhos do Cézanne de Santa Tereza no Restaurante Gamela, na Rua Salinas com Anhanguera ou no seu ateliê, marcando horário pelo 99191 3080.



“Há 20 anos tive a sorte de encontrar um lugar que virou minha casa e meu atelier. Aqui é meu lar e meu aconchego. Tenho muitos amigos de fora que, quando vêm para cá querem ficar aqui em casa, ir a todos os bares, ver todas as novidades e tudo de interessante que temos.” E Cézanne não pensa em ir embora. “Não estar em Santa Tereza, que tanto me inspira, realmente não passa pela minha cabeça…”

Voltando a um passado mais remoto Geraldo Cézanne se descobriu artista desde criança. E se reconheceu como escultor em sua primeira aula na faculdade. Segundo ele a arte sempre esteve presente em sua vida e que, por isso, não foi uma escolha, mas sim um destino.

“Desde minha primeira peça tridimensional, nunca mais parei. Desenho e pinto desde sempre, mas meu encontro com a escultura foi diferente. Quando comecei a trabalhar com objetos tridimensionais, me entreguei a isso. Sempre começo uma peça com um desenho que passa por um processo digital até virar uma escultura. Falo que meu trabalho atual é híbrido, pois junto o clássico com a tecnologia”.

Embora suas criações transitem por várias técnicas e estilos, atualmente ele se considera um designer porque seu trabalho une arte, utilidade e tecnologia com uma linguagem própria usando diversos tipos de materiais como forma de se expressar. O denominador comum é o comprometimento com a arte popular, sem segredos ou grandes elaborações conceituais.

Entre seus trabalhos mais recentes estão a réplica da cabeça de Davi (1501 – 1504) de Michelangelo e a réplica da La Petite Danseuse de Quatorze Ans (1881), mais conhecida como a bailarina de Edgar Degas. Essas peças foram feitas depois de uma viagem à Europa na qual se apaixonou e se encantou pelas obras.

“Desenhar o rosto é esculpir a própria alma. Então, quando faço essas réplicas clássicas é como se eu realmente “bebesse” a peça e vivesse totalmente a experiência de fazê-las. Ver o Davi de perto é orgasmo puro, ele tem cinco metros de altura de pura perfeição como também a delicadeza do bronze que Degas coloca na bailarina. Foi uma experiência fabulosa e marcante pra mim”.

Segundo Cézanne, pode ser que esse trabalho não faça parte do contexto artístico predominante, mas considera que a arte deve ser feita para que todos entendam, uma arte que converse com seu público, que não seja intelectual ou com textos explicativos que ninguém vai entender. “O papel do artista é representar seu tempo e marcar seu tempo com uma obra que converse com todos”.

Para quem quiser conhecer um pouco de sua arte, alguns trabalhos estão expostos no Bar e Restaurante Gamela, na Rua Salinas, 1495 em Santa Tereza.

Anúncios