Escritora de Santê Nayara Noronha indicada para Prêmio Jabuti - Santa Tereza Tem
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Escritora de Santê Nayara Noronha indicada para Prêmio Jabuti

Escritora Nayara Noronha, moradora de Santa Tereza, é indicada para Prêmio Jabuti

Nayara Noronha foi indicada por sua obra “Filha” na categoria “Escritor estreante”. Luto, relações geracionais entre mulheres e memória familiar são alguns dos principais temas que atravessam “Filha”, publicado pela editora 7Letras,

Uma mãe, uma filha e um bebê que não vingou. Diante de tamanha brutalidade, mãe e filha vivenciam lutos distintos que se misturam enquanto acalentam suas dores. “São temas que me atravessam como pessoa. Com exceção do luto de natimorto que, além de nunca ter passado por essa experiência, é um tema pouco retratado na literatura e por isso mesmo que decidi escrever sobre “, conta a autora.

A autora conta que a primeira frase do livro “Sou uma avó sem neta” foi um dos primeiros trechos escritos por ela, quando a ideia inicial da história ainda era escrever sobre o peso social da maternidade para uma mulher sem filhos. Somente após ouvir a história de uma atendente de sorveteria que perdeu seu bebê, ficou impactada e “Filha” começou a vir à tona.

Projeto Lili -Literatura Livre

Professora da UFMG, a escritora é responsável ainda pelo LiLi – Literatura Livre, projeto de extensão, criado em 2022, que realiza clube de leitura de obras de autoria feminina junto a mulheres privadas de liberdade no Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade em Vespasiano – MG. “A literatura foi e é, muitas vezes, libertação. É um clichê, mas quando leio algo com que me identifico, me sinto menos sozinha. Então, imaginei que por meio da literatura, as mulheres privadas de liberdade poderiam também se sentir menos sozinhas” explica Nayara.

Como professora universitária, ela defende a atuação da universidade fora do campus, inclusive nas prisões. “A população carcerária feminina tem aumentado no Brasil, a maioria das vezes, por pequenos delitos. Essas mulheres são afastadas de seus filhos, das famílias, são abandonadas por seus companheiros. Enquanto o abolicionismo penal está longe de ser uma realidade, quatro dias de remição por leitura contribui para que essas mulheres tenham suas penas abatidas e que tenham, dentro do sistema, mais tempo fora das celas e um momento de reflexão e conversa a partir das leituras feitas” reforça.

A ideia inicial de “Filha” foi concebida bem antes de o LiLi começar, mas a autora reflete em como essas histórias se cruzaram e podem gerar outras mais. “Filha é a história de relação entre mãe e filha. O LiLi acontece no Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade em Vespasiano. Tenho refletido sobre como essas mulheres privadas de liberdade ficam o tempo todo na função de ser mãe por até um ano e depois perdem o vínculo com seus bebês ao entregar ele para as famílias ou para o sistema. Essas crianças já nascem privadas de liberdade: de conviver com a família, outras crianças, de desenvolver outros vínculos. É um tema que tem me atravessado muito e que penso em escrever, no futuro.”

Nayara Noronha

Nayara Noronha nasceu na cidade de São Paulo em 1988, mas tem raízes familiares em Dores do Indaiá, interior mineiro, e mora em Santa Tereza com seus dois gatos. É professora e pesquisadora na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, além de “Filha”, tem contos publicados em coletâneas.  Suas principais referências literárias são as obras de Elena Ferrante, Natália Ginzburg, Simone de Beauvoir, Annie Ernaux, Alba de Céspedes e Mario Benedetti. 

SERVIÇO | “Filha”, de Nayara Noronha
editora 7letras
Onde encontrar? Belo Horizonte: livrarias Jenipapo, Quixote e Primeira à Esquerda
São Paulo: livrarias Ponta de Lança e MandarinaNiterói: Livraria da PonteOnline: Amazon e no site da editora: www.7letras.com.br/livro/filha.
Acompanhe Nayara Noronha pelo  Instagram:@livretras

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