Santa Tereza tem memória: o jogador Amauri Horta - Santa Tereza Tem
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Santa Tereza tem memória: o jogador Amauri Horta

Memória dos gramados em Santa Tereza e do futebol mineiro

por Rafael Campos

Quem pensa que em Santa Tereza só tem artista da música, do teatro e do cinema, tá enganado. Aqui também tem artista do futebol, como o ex-meia, Amauri Alves Horta

Nascido em Sabará, em 1º de agosto de 1942, começou a jogar em 1957, aos 15 anos. E a partir daí, não mais parou, só mesmo quando achou que era a hora de dependurar as chuteiras em 1972.

Amauri Horta com o Troféu Guará conquistado em 1967 (foto. Rafael Campos)

Durante a reportagem, a primeira coisa que Amauri fez foi apresentar o quadro, que está em um dos quartos de sua casa a um quarteirão da Praça de Santa Tereza, que reúne as principais fotografias suas nos gramados. 

Com um olhar saudosista sobre as fotos, ele fala do seu início nos gramados. “Comecei com 15 anos no time do Minas, uma das principais equipes de futebol amador de Santa Tereza, cujo campo era no final da rua Bom Despacho. Meu pai não aprovava, mas sei que ele ficava me olhando escondido entre as árvores”, revela.

No Minas Esporte Clube, no início da década de 1960, no campo, no final da Rua Bom Despacho, ao lado da linha de trem, Na foto, Vitório Faeda, Amaury Horta, Plinio, o goleiro Roberto, xxx, Dionísio Faeda e Zé Marrom. Ao fundo, a rua Divinópolis, para se ter uma idéia de onde era o campo de futebol. (Foto de José Góes, do acervo de Luis Góes)

De Minas pra São Paulo

Seu romance com o futebol se consolidou quando atuava pela equipe do Colégio Arnaldo, onde estudava. De lá foi para o juvenil do América, seu time do coração. No Coelho, conquistou o título da categoria em 1959, comandado pelo técnico Biju, um apoiador de sua carreira.

Em 1963, foi para o Comercial de Ribeirão Preto, em São Paulo. “Foi uma boa passagem por Ribeirão Preto”, diz Amauri, apesar de se lembrar da derrota sofrida em 1966 para o Palmeiras, numa partida decisiva,  em que o árbitro validou um gol no mínimo suspeito. Nesse ano, o armador ajudou o Comercial a terminar o campeonato paulista na quarta posição.

No Comercial de Ribeirão Preto onde ficou de 1963 a 66

O ex-jogador também teve duas passagens pela seleção, em 1963 na derrota para a Argentina por 3 a 0, e em 1968 no triunfo por 3 a 2 sobre a Iugoslávia, quando marcou o gol de empate.

De volta a Minas

Depois de uma negociação que varou a madrugada, ele voltou para Belo Horizonte , jogando com a camisa alvinegra, de 1967 até o início de 1971. Sim, no ano em que o Galo levantaria o troféu do Campeonato Brasileiro, Amauri retornou ao América, a pedido do amigo Biju. “Também fiz uma boa campanha no Atlético. Fui campeão mineiro em 1970.

O armador vestiu a camisa do Atlético entre 1967 e 1971

“Já com a camisa do América, ganhamos o estadual em 1971”, afirma orgulhoso. O armador encerraria a carreira nos gramados no ano seguinte, pois queria voltar aos estudos. Além disso, tinha a idade… “Parei de jogar com 29 anos. Naquela época era assim, quando chegava aos 30, as pessoas já olhavam torto para você”, diz.

No time do Atlético: dDa esquerda para a direita, em pé: Warlei, Mussula, Vanderlei, Grapete, Normandes e Cincunegui. Agachados: Ronaldo, Amauri Horta, Dario, Lola e Tião.
 América Campeão Mineiro de 1971: Élcio,   Emílio, Adilson, Batista, Misael, Ademir, Cláudio, Hale, Vander, Café, Dias, Zé Horta, Veran, Pedro Omar, Édson, Dirceu Alves, Hélio, Zé Carlos, Mérola, Jair Bala, Dario, Valtinho, Élter, Eli , Julinho e Amaury Horta. Amaury é o ultimo sentado a direita.

Ele poderia ter encerrado a carreira em grande estilo. “Estávamos jogando contra o Racing da Argentina e o confronto estava empatado em 3 a 3. Marquei o quarto gol, mas o juiz anulou. Só eu sabia que aquela era minha última partida”, lembra. Depois daquele confronto, Amauri só voltaria a jogar dois anos depois pela equipe do Esab, no Mineiro, por três meses.

America e cruzeiro 1971. Ele é ao fundo direita

Uma vez América, América para sempre e em 1997 assumiu a direção do futebol do clube por um ano.

Já fora dos estádios, convidado por um amigo foi trabalhar na secretaria estadual da fazenda, onde aguçou o desejo de retornar à sala de aula. Resultado: formou-se em administração na Fumec.

Diferenças entre o futebol de hoje e o do passado? Para o ex-jogador, há várias. “Hoje é mais força física. Existe ainda uma assistência médica completa para o jogador. Antigamente, só podíamos contar com duas coisas: bolsa de água quente e infravermelho”, conta. “Para quê infravermelho?”, pergunto. “E eu sei lá?”, ele responde. Atualmente, não dispensa a famosa pelada com os amigos duas vezes por semana. “Vou jogando até quando der”, afirma.

Matéria publicada em 2014.

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