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No presépio da História

Elizabeth II, Pelé e Bento XVI poderiam ser lembrados como os reis magos da nova era

*Por Jorge Fernando dos Santos

Pela tradição católica, comemora-se em 6 de janeiro o Dia de Reis. Ou dos Santos Reis, melhor dizendo. Seriam eles os três magos que seguiram a estrela de Belém até a manjedoura onde repousava o menino-deus recém-nascido. Essa data encerra as comemorações natalinas entre os católicos de todo o mundo. 

Segundo o Evangelho de São Mateus, os magos teriam vindo do Oriente. O apóstolo não escreveu a palavra “reis” e tampouco especificou quantos eram. Contudo, cerca de 800 anos depois, a tradição passou a considerar o número três, devido aos presentes que ofertaram ao menino: ouro, incenso e mirra. Seriam os magos Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, rei da Índia; e Baltazar, rei da Arábia. Três figuras de destaque no presépio criado por Francisco de Assis.

Os Três reis Magos

Há quem acredite que os três viajantes eram astrólogos, astrônomos ou mesmo sacerdotes do zoroastrismo, religião praticada na antiga Pérsia, futuro Irã. Segundo estudiosos do tema, a estrela de Belém levou-os primeiramente ao palácio do rei da judeia, Herodes, em Jerusalém. 

Ao ser questionado sobre o nascimento do “rei dos judeus”, o monarca ficou preocupado, pois conhecia a profecia que anunciava a chegada do menino-deus, a quem decidiu eliminar, temendo perder o poder. Tanto que pediu aos tais viajantes que o informassem, caso encontrassem o recém-nascido.

Ouro, incenso e mirra

O mundo perdeu em 2022 três vultos históricos, que poderiam representar uma versão moderna e politicamente correta do mito dos três magos. Em 8 de setembro, morreu aos 92 anos a mais longeva rainha da Inglaterra, Elizabeth II. Nos últimos dias dedezembro, foi a vez do rei do futebol, Pelé, e do papa aposentado Bento XVI.

Dos presentes ofertados ao menino Jesus, o ouro corresponde à realeza e, portanto, pode ser facilmente associado a Elizabeth II. Afinalde contas, o poderio britânico resultou principalmente da grande reserva desse mineral nos cofres do império ao longo de sua história. 

A mirra representa o sacrifício e a imortalidade, valores associados à prática esportiva. O bom atleta sonha se tornar imortal, mas precisa se sacrificar para alcançar a sua meta. Pelé não se tornou rei do futebol apenas pelo seu talento em jogar bola, mas principalmente por ter se submetido com afinco à dura disciplina dos treinos. 

Já o incenso simboliza a fé religiosa, uma vez que sua fumaça no interior dos templos conduziria a prece dos homens até os ouvidos divinos. Reconhecido como um dos maiores teólogos do seu tempo, Bento XVI ocupou o posto máximo da Igreja, cargo correspondente ao de rei do Vaticano.

Para quem curte esoterismo, simbolismo e profecias, fica traçado o paralelo. Elizabeth II, Pelé e Bento XVI foram conhecidos em todo o mundo e entram para História como figuras de destaque dos séculos XX e XXI. Uma rainha branca, um rei negro e outro, de origem germânica, poderiam ser lembrados como os reis magos da nova era.

*Jornalista, escritor e compositor, tem 46 livros publicados. Entre eles, Palmeira Seca (Prêmio Guimarães Rosa 1989), Alguém tem que ficar no gol (finalista do Prêmio Jabuti 2014), Vandré – O homem que disse não (finalista do Prêmio APCA 2015), A Turma da Savassi e Condomínio Solidão (menção honrosa no Concurso Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte 2012).

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