Muito mais que uma loja de discos em vinil e CDs, a Discoteca Pública é um projeto cultural de grande importância para salvaguarda da música brasileira. Localizada atualmente no bairro Santa Tereza, à Rua Hermilo Alves, 134, tem hoje um acervo de mais de 20 mil títulos, incluindo os formatos compactos, 78 rotações e Long Plays (LP), todos disponíveis para audições e pesquisas no local.
É o maior acervo de Belo Horizonte e certamente um dos maiores do país. O projeto foi iniciado há 17 anos, idealizado pelo paulista Edu Pampani, que se integrou ao mundo mineiro há alguns anos. Um exímio apaixonado por música, Edu começou a comprar discos em 1977, quando tinha 14 anos e trabalhava como motoboy em São Paulo.
Em 1985, ele foi morar em Salvador e levou sua coleção particular, que já contava com 1 mil exemplares. Precisando se manter na capital baiana, Edu viu na paixão uma oportunidade de renda. Abriu uma loja na Ladeira Santa Tereza e passou a vender, trocar e comprar discos, ampliando continuamente o estoque.
“Nessa época percebi que eram os gringos quem mais comprava nossos LPs. Até mesmo em 1995, quando o CD entrou no mercado e as vendas dos vinis caíram muito, eles não deixaram de comprar. Se por um lado os estrangeiros aqueciam as vendas, por outro, estavam levando todo o acervo brasileiro para fora do país. Preocupado com isso, passei a guardar um exemplar de tudo que eu achasse produzido no Brasil a partir de 1951, ano em que foi gravado o primeiro LP em solo nacional”, lembra Edu.
Assim nasceu este ideal e em 2005 foi criada a Discoteca Pública, tendo a primeira sede na Rua Machado, bairro Floresta. Atualmente em Santa Tereza, bairro que Edu também escolheu para morar, o projeto tem espaço maior e é muito visitado por músicos, artistas plásticos, pesquisadores e estudantes de música, além de colecionadores de vinis.
No acervo há representantes desde os primeiros exemplares de vinis produzidos no Brasil até os mais atuais. “O foco é a preservação, portanto a cada vez que chega um exemplar repetido na Discoteca, o mais novo passa a ocupar o acervo e o mais velho vai para seção de vendas e trocas. São preservados exclusivamente LPS de músicas brasileiras, em que se incluem as interpretadas por artistas internacionais”.
No local, o visitante ainda pode obter informações e dicas quanto à manutenção de aparelhos, aquisição de agulhas, equipamentos e lugares de compra e troca de discos raros.
Em 1996, Edu passou a vender CDs independentes e hoje tem mais de 5 mil títulos neste formato. Para fomentar as produções locais independentes, ele criou o projeto “A música que vem de Minas”, que já conta com mais de 1.500 CDs cadastrados no site e disponíveis à venda. Assim, se tornou um importante distribuidor do cenário fonográfico mineiro.
Em tempos de novas mídias, o CD vem sendo deixado de lado, mas na Discoteca Pública também estão sendo preservados. “As pessoas têm a ilusão de que na internet é possível encontrar de tudo, o que não é verdade. O CD vem sendo dispensado, da mesma forma que ocorreu com o vinil, por isso já reservamos uma parte de CDs no acervo da Discoteca”, conta Edu.
Para manutenção do acervo, o projeto conta com financiamento viabilizado por meio de Leis de incentivo à cultura, e também patrocínios diretos. No espaço há, além do acervo da Discoteca e da CDteca, uma parte de LPs e CDs à venda, a preços bem legais.
E, para incentivar o público a retomar o gosto e carinho pelos antigos “bolachões”, a Discoteca Pública realiza a Feira do Vinil e CDs Independentes, onde se reúnem várias lojas especializadas, expositores e colecionadores de vinis no segundo sábado do mês na Casa do Jornalista, à Avenida Álvares Cabral, 400, Centro.
Serviço
A Discoteca Pública está aberta ao público – colecionadores, DJs, audiófilos e curiosos – para audições e pesquisas de segunda à sexta, das 10h às 19h, aos sábados das 10H às 14H. Endereço: Rua Hermilo Alves, 134 – Santa Tereza, Belo Horizonte.
Contato: 31 99215-5142
Site:https://www.discotecapublica.com.br/