Pouco a pouco, trabalho de formiguinha, o Coletivo Arboriza BH vem trazendo o verde para o bairro. E essa turma não brinca em serviço, pois em um ano Santa Tereza passou a contar com mais 138 árvores, entre ipês, manacás, quaresmeiras, calistemo e escumilhas.
“A meta é plantar mensalmente, mas, tão importante quanto colocar a muda no chão é os moradores abraçarem a causa e isso está acontecendo. Para se ter uma ideia, na Rua Diamante, via de um só quarteirão e sem arborização, recebeu 10 escumilhas e um ipê tabaco, que estão sendo cuidadas com carinho pelos moradores, que fazem a rega todos os dias. O Viaduto do Cardoso recebeu 8 ipês brancos e na Rua Azurita foram 12”, comenta entusiasmada a Luciana Vieira, cantora e idealizadora do projeto.
A moradora Regina Toledo, preocupada com a aridez em seu quarteirão na Rua Paraisópolis, pediu ao Arboriza o plantio em sua porta, que ela está também cuidando. Assim como, o Sérgio Mitre, da Rua Divinópolis, que recebeu em frente sua casa uma quaresmeira, para substituir a sibipurana retirada pela prefeitura. No caso do Sérgio seus filhos de 6 anos ajudam a cuidar da “Heloísa”, nome que deram à árvore, novo membro da família.
O Coletivo Arboriza BH é formado por um grupo de moradores, preocupados com os muitos cortes de árvores do bairro, se uniram para voluntariamente fazer o plantio, manutenção e captação de doações de mudas. O grupo conta com o apoio de doares, da Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza (ACBST) e do portal Santa Tereza Tem.
O grupo se reuniu pela primeira vez em março de 2020 e aos poucos foi crescendo e hoje conta com o voluntariado de dezenas de pessoas, que se dividem em equipe para realizar o trabalho que vai desde a pesquisa sobre as ruas, a conversa com moradores, educação ambiental, captação de mudas, plantio e manutenção.
O grupo é aberto a todos que quiserem arregaçar as mangas e promover a arborização de Santa Tereza.
As mudas, que têm acima de 1m80, são patrocinadas por padrinhos ou madrinhas, moradores ou não do bairro, que doam o valor referente ao custo da compra da muda, dos tutores e do adubo, fornecidos pela Flora Domi, parceira do projeto. E as espécies são as apropriadas para área urbana, de acordo com a orientação da Secretária Municipalde Meio Ambiente.
Além disso, o coletivo está com uma a parceria com a Secretaria do Meio Ambiente, que irá fornecer mudas por meio de empresas, que têm a obrigação junto a Justiça de fazer compensação ambiental. Um exemplo são os ipês brancos plantados no Viaduto do Cardoso, fornecidos pela Vale, como forma de compensação por danos ambientais.
O trabalho é feito de forma séria, o grupo tem uma lista das ruas onde árvores foram suprimidas e dos moradores e integrantes da equipe, que se inscreveram para cuidar delas. Segundo Renata Hyllege, participante do grupo, “ primeiro conseguimos as mudas, frutos de doações de pessoas que se interessam em ver o bairro arborizado e apoiam o projeto, que é piloto e em dando certo poderá ser levado a outros locais”.
Depois, é feita uma pesquisa para definir o local e então vamos até os moradores da rua, para ver se eles se interessam em ter as árvores e se se prontificam a cuidar delas.
Havendo essa concordância, uma equipe vai ao local para estudar o espaço, o critério estético, a espécie certa, a fiação, estrutura de passeio, rede de esgoto. O lema é “Arvore certa no lugar certo” para que não haja problemas futuros. “Conversamos com as pessoas se realmente querem ter a árvore em sua porta, para que vejam vejam as árvores, não como uma “inimiga”, mas como uma parceira da sua qualidade de vida”, explica Luciana Vieira
Colocado a “bebê árvore no berço”, é feito um acabamento com as forrações para que não fique só a terra em volta, dando um aspecto mais bonito e para manter a umidade. São usados como forração zigônio, espada de São Jorge, dinheiro em penca. “Colocamos a forração, mas se o morador quiser colocar outras plantas não tem problema. Isso também atende à diretriz da prefeitura que está criando os jardins de chuva, canteiros sem borda para facilitar a permeabilidade do solo. O caule da planta é também envolvido por tubo de garrafa pet para protege-lo da roçadeira do pessoal da prefeitura que faz a capina” observa a arquiteta e integrante do coletivo, Cristina Marcelle de Pinho Ribeiro.
Mas o trabalho não termina com o plantio, pois é preciso dar a manutenção às mudas para que cresçam saudáveis. Segundo o biólogo André Roberto Melo Silva, integrante do coletivo, “uma vez por mês fazemos a ronda para verificar se os tutores (os suportes de madeira) estão presos à terra, as amarrações e fazemos a limpeza dos “berços”, retirando ervas daninhas e o lixo, que algumas pessoas tem o péssimo hábito de jogar neles. A rega fica por conta do morador da casa onde foi feito o plantio e em alguns casos a gente monta equipes e fazemos a rega nesse tempo de seca”.
Cristine esclarece também que se alguém quiser uma árvore em sua porta, é só solicitar o plantio, ao pessoal do Arboriza. Pode ser de uma muda doada por um padrinho ou então custeado pelo próprio solicitante. O valor varia entre 60 a 70 reais dependendo da espécie, mais os tutores e adubos.
Toda ajuda é bem vinda. Quanto mais gente participar e abraçar o projeto mais rapidamente a arborização de Santa Tereza vai andar. Teremos mais sombra, menos calor, mais flores, mais beleza. O contato para quem quiser participar dos plantios do Coletivo Arboriza BH, fazer uma doação ou solicitar a arborização para sua rua ou sua casa deve entrar em contato com o grupo pelo instagram A.R.B.O.R.I.Z.A BH ou pelo Whatsapp: (31) 99339.8851
O projeto também age na educação ambiental. “Buscamos estimular as pessoas a plantarem em seus quintais e mostrar que a árvore está ali para somar e não prejudicar. É um processo de mudança de pensamento coletivo. É também importante os pais envolverem as crianças no processo, pois elas serão os cidadãos e cidadãs de amanhã”, observa Cristina.
“Das 64 ruas monitoradas em nossa pesquisa, apuramos que tínhamos 2600 arvores plantadas no bairro, em 2020, que nem chega perto do recomendado pela Organização Mundial da Saúde no mínimo 1 árvore por habitante. Se Santa Tereza tem 15 mil habitantes nosso déficit está enorme. Temos muito trabalho pela frente. Por isso cada plantio é celebrado pelos participantes, pois é um desafio vencido e que aos poucos vai transformar Santa Tereza em um bairro sombreado e mais agradável de ver e viver com a ajuda da comunidade”, comenta Luciana.
O contato para quem quiser participar do Coletivo Arboriza BH, fazer uma doação ou solicitar o plantio para sua rua ou sua casa deve entrar em contato com o grupo pelo instagram A.R.B.O.R.I.Z.A BH ou pelo Whatsapp: (31) 99339.8851
