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Santa Tereza dos bares ou os bares de Santa Tereza

Faremos uma série de reportagens sobre os bares de Santa Tereza. A cada semana publicaremos um pouco da história de cada um, dos mais tradicionais e antigos aos mais novos.

Entre os mais tradicionais, que têm se mantido com o passar do tempo, podemos citar Bar do Orlando, Bolão, Bar do Alemão, Bocaiuva, Temático, Bartiquim, Santa Boemia, Fundos da Floresta, Bar da Sãozinha, Old Bar, Bar du Pedro, Bar do Miltom, Desde, Estação Santê, BardaGaby, Bar do Museu Clube da Esquina, entre outros.

Entre os mais novos tem o Ajê Bistrô Bar, Taberna Santê, Churrasquinho da Esquina, Estação do Peixe, Butiquim do Walter e mais alguns, abertos recentemente.

Por ser o mais antigo, o primeiro é o do Bar do Orlando.

O centenário Bar do Orlando

Entra ano, sai ano, na esquina da Rua Alvinópolis com Conselheiro Rocha continua firme o Bar dos Pescadores, hoje Bar do Orlando. Inabalável e atravessando gerações, o Bar do Orlando vem mantendo a tradição da boemia, da música, da amizade e da alegria.

Sobre a idade do bar há controvérsias. Segundo seu Orlando, proprietário do bar são mais de 100 anos. Já segundo Luis Góes, residente no bairro e pesquisador de sua história, a criação do Bar dos Pescadores se deu em 1929, ou seja, há 92 anos.

O prédio, tombado pela Diretoria de Patrimônio Histórico de Belo Horizonte, teve como primeiro proprietário Zé Inácio, que criou o bloco de carnaval “Eu Não Rapo Nada” e foi um dos fundadores do Esporte Clube Santa Tereza. Do Zé Inácio passou para o Pedro de Assis Filho, que vendeu para o sobrinho Orlando.

Enfim qualquer que seja a idade, o certo é que o bar é o mais antigo da cidade e guarda os resquícios da antiga boemia.

Os causos do bar

Em uma mesa na calçada, seu Orlando nos conta: “comprei o bar em 11 de novembro de 1980, quando ainda havia a Ponte do Cardoso, que o povo usava para atravessar para Santa Efigênia. Do outro lado tinha a favela do Cardoso e o pessoal, que fazia compra no Mercado Distrital parava aqui pra descansar, tomar uma pinguinha e comer um tira-gosto”.

“Também os jogadores do time de futebol, “Cantinho de Santa Tereza”, vinham tomar café antes de ir jogar. Tinha uns que misturavam vodca no suco de laranja”, lembra ele rindo da maluquice.

E os “causos” vão rolando como o do Davi Sales, que chegou com o primeiro celular no bar, um tijolo PT 550, que gostava de cozinhar e fazer tira-gosto e uma vez cozinhou 16 quilos de mãozinha de porco.Outra história é do Juvenal, que colocou o Juriti, um frequentador assíduo do bar, esticado no banco da sua variante com uma flor na mão. Parou o carro na porta do bar e anunciou a morte do Juriti. O caso não acabou bem, pois quase mata de susta a Madalena, esposa de seu Orlando, que ficou furiosa.

Tem também a da mão acenando de dentro do bueiro. Era um fugitivo do Hospital Raul Soares, que entrou pela canalização do Arrudas e veio dar com os costados no bar. Foi preciso chamar a polícia para tirar o rapaz do bueiro.

Os campeonatos de truco também eram famosos, mas já não existem mais. Uns jogadores se mudaram, outros se encantaram e outros, sentindo falta dos amigos, desistiram, relembra seu Orlando

Do Orlando pro Orlandinho

Atualmente quem está mais à frente do bar é o Orlandinho, que segundo o pai, Orlando foi criado aqui, jogando bola na rua, de formou em Administração e “está na hora de assumir um pouco, mas estou sempre aqui, afinal eu moro nos fundos”, diz ele.

Ele comenta que quando comprou o bar os tira-gostos eram sardinha, frango frito e ovo cozido. Depois vieram a batata cozida, a linguiça e o famoso torresmo de barriga.

Atleticano doente, o bar é ponto dos torcedores em dias de jogos

Com Orlandinho houve inovação no cardápio com pequena sofisticação. Abriu-se um espaço ao lado e foram acrescentadas as fritas, o contrafilé com fritas e várias opções de espetinho.

Orlando e Orlnadin com o famoso torresmo de barriga

Seu Orlando diz que com o tempo muda também a freguesia. “Muitos moradores do bairro vêm sempre, mas 90% da freguesia é de Santa Efigênia e da Sagrada Família. Têm aqueles que batem ponto, os que somem e reaparecem e os novos”. O local também é ponto de encontro de músicos como Toninho Horta, Beto Lopes, Gabriel Guedes, entre outros, que sempre dão uma canja. (Lembrando: isso antes da pandemia)

E encerra a conversa: “valeu ter comprado o bar do meu tio. Aqui criei minha família, conheci muita gente, fiz muita amizade. E amizade é coisa muito boa, não tem preço”.

Serviço
Bar do Orlando
Não espere conforto.. É pra quem curte sentar na calçada ou tomar a cerveja gelada em pé, proseando.
Rua Alvinópolis com Conselheiro Rocha
Abre de terça a domingo. (Com a pandemia segue os horários e protocolos estabelecidos pela Prefeitura).

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