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O circo em Santa Tereza

A data de 27 de março é comemorado o Dia Nacional do Circo, que para alguns acredito traz boas lembranças da infância no interior. Quando subiam a lona era uma alegria assistir ao espetáculo dos palhaços, bailarinas, trapezistas, os motociclistas do globo, trapezistas e malabaristas.

E pouca gente sabe, que em Santa Tereza, tem um espaço dedicado às artes circenses, Casa Circo Gamarra. Situada à Rua Conselheiro Rocha, 1510, Vila Dias, é obra do artista circense argentino, Diego Gamarra, radicado em Santa Tereza há 13 anos.

De Rosário pra Santa Tereza

Diego, nasceu na cidade de Rosário e adolescente fazia aulas de poesia e teatro. Aos 17 anos, viu pela primeira vez um espetáculo de perna de pau e segundo ele “nesse dia descobri o que queria para minha vida, ser um artista de circo, precisamente da perna de pau. Treinei muito, pesquisei e autodidata, já que não havia escolas de circo, aprendi a andar na perna de pau”. Depois ele evoluiu para outras coisas também, palhaço, malabarismo, ator e escritor de roteiro”.

Diego ensinando o filho a pedalar monociclo na Praça de Santa Tereza

Diego foi professor do Projeto Fica Vivo, para crianças em situação de vulnerabilidade, integrou o Doutores da Alegria e faz apresentações em vários espaços da cidade, como em eventos e nas praças. A Praça de Santa Tereza já foi palco de várias apresentações suas antes da pandemia.

Até chegar a Santa Tereza ele viajou muito com sua mala de circo, fazendo espetáculos de rua. Rodou pelo interior da Argentina, Peru, Colômbia, Venezuela, Guianas até chegar ao Brasil e Belo Horizonte em 2003.

“Depois de muito chão, escolhi Belo Horizonte para viver, especialmente o bairro Santa Tereza, na Vila Dias, lugar pelo qual tenho muito carinho, já que fui muito bem recebido”, comenta Diego.

A escolha de Santa Tereza se deu pela ligação do bairro com as artes e pela sua posição estratégica, já que é bem central e facilita para sair e apresentar seus espetáculos seja no Barreiro, Venda Nova, Nova Lima. “É um lugar privilegiado em todos os aspectos. E hoje é o meu lar”, diz com orgulho o “perna de pau”.

A Casa Circo Gamarra

Assim que chegou a Belo Horizonte, foi trabalhar no Sagrada Família, no projeto Circo de Todo Mundo e alugou uma casa em Santa Tereza. Foi amor à primeira vista. Logo depois começou a construir sua casa na Rua Conselheiro Rocha, onde vive com seu filho adolescente. “Durante 14 anos, como formiga, aos poucos fui construindo a casa em um terreno bastante íngreme.  E há quatro anos inauguramos a Casa Circo Gamarra”, relembra.

A construção foi feita de forma colaborativa e com materiais reciclados, e tem oito quartos, seis banheiros e três cozinhas e um picadeiro para ensaios.

Casa Circo Gamarra à Rua Conselheiro Rocha

A Casa Circo Gamarra, além da apresentação de espetáculos e promover cursos de arte, acolhe artistas de rua e trupes itinerantes, especialmente estrangeiros.   “Eu ficava em casas de amigos e sentia falta de um lugar para ensaiar e com mais privacidade. Por isso, minha casa é também um espaço onde o artista itinerante tem um quarto, um ateliê de costura e local para ensaios, coisas que me faltavam.”

Antes da pandemia, a Casa mantinha uma rica produção cultural. Atualmente, tem como programação artística, o Cine Circo, em formato de live pelo Youtube, toda segunda-feira, às 20h.

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Youtube

O circo pode acabar?

Sem público, sem poder fazer espetáculos e sem bilheteria, assim, como toda a categoria artística o circo e seus artistas vêm sofrendo os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus.

Diego Gamarra comenta que o circo sempre correu risco de desaparecer, mas o certo é que continua resistindo. “No auge do circo no Brasil, por exemplo, veio o cinema, rádio, a TV e hoje a internet como concorrentes. Outra dificuldade é a especulação imobiliária, que acabou com os grandes espaços, onde eram levantadas as lonas.Estas são questões dificultam a circulação do circo tradicional que conhecemos.

“Hoje tem goiabada? Tem sim senhor! ” O circo resistirá à pandemia?

Mas, ele lembra que “ainda temos muitas famílias tradicionais e empresários circenses que circulam com suas lonas em shoppings, estacionamentos de supermercados, mas maioria gira pela periferia das cidades e o interior do Brasil”.

E ele prossegue: “Já as trupes e artistas de rua seguem driblando as dificuldade de fazer arte e, atualmente, migrando para o trabalho virtual, durante essa pandemia.  As dificuldades de subsistência sempre existiram para os artistas, mas piorou muito com a chegada da covid-19 e a necessidade do isolamento social.

Mas como ele diz, “o circo sempre esteve em risco, mas continua vivo e não vai deixar de existir, de uma forma ou outra, toca a nós todos nos reinventá-lo.”

Por que dia 27 de março é do Circo?

A data foi escolhida como uma homenagem a Abelardo Pinto, o famoso palhaço Piolin, que viveu o auge de sua carreira durante a década de 1920.

Palhaço Piolim

É também uma forma de homenagear a tradição da arte circense, que chegou ao Brasil, no século XIX, com as famílias de imigrantes europeus que sobreviviam das artes circenses em seus países.

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