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Três anos da Rede Lixo Zero Núcleos do bairro Santa Tereza

Por Equipe Lixo Zero

Em 2017, com a implantação da coleta seletiva na escola EMPLO e em seu entorno, deu-se início a nossa Rede Lixo Zero Santa Tereza. Tratava-se de um serviço prestado pela Coopesol Leste, cooperativa de catadores, sediada no bairro Granja de Freitas, que atendeu quase 25% das famílias do bairro.

Em 2018, a implementação de um espaço de recebimento e compostagem de resíduos orgânicos na Feira Terra Viva, ampliou nossos horizontes na gestão dos resíduos sólidos. O projeto dos baldinhos foi uma iniciativa do coletivo de cultura rastafári Roots Ativa, composto por jovens do Aglomerado da Serra, que trouxeram para o Santa Tereza sua experiência na gestão de resíduos na Vila Fátima.

Projeto Baldinhos. As pessoas levam o balde pra casa e trazem com os resíduos orgânicos, que viram adubo.

Pouco a pouco, esses dois operadores (Coopesol Leste e Roots Ativa) começaram a se articular em ações integradas, como na prestação de serviços Lixo Zero nas ações do Mercado Vivo + Verde, no Mercado Distrital do Santa Tereza. Essa relação entre Coopesol Leste e Roots Ativa ganhou novos contornos em 2019, quando começaram os preparativos para a implementação do primeiro Núcleo Lixo Zero do bairro.

O primeiro Núcleo foi instalado na Rua Bom Despacho, 205 e o outro em processo de instalação, na Rua Anhanguera.

Atualmente, estamos lançando uma rifa (https://bityli.com/SUTTz), para arrecadar recursos e estruturar esse Núcleo da Anhanguera.

Os antecedentes da construção do Núcleo Lixo Zero

De um lado, a Coopesol Leste operava uma coleta abrangente e acessível a muitas famílias. Importante em seu papel mobilizador no bairro, esse serviço sustentado por recursos próprios, encontrou problemas de viabilidade econômica na coleta.

Por sua vez, o Spiralixo (Roots Ativa) operava o recebimento e o tratamento de resíduos orgânicos em um processo co-financiado pelos beneficiários. Se, por um lado, eram melhores as condições de rentabilidade do serviço, por outro, devido às dificuldades estruturais, como falta de espaço e a logística organizada em carro próprio, sua acessibilidade era pouco abrangente.

Nos eventos, em que ambos começaram a trabalhar de forma integrada, como no IV Encontro Nacional de Agroecologia, os bons resultados, dos pontos de vista ambiental (80% dos resíduos recuperados), social e econômico, nos instigavam a pensar algo mais permanente.

Em outras palavras, essas experiências funcionaram como laboratórios vivos, em que os dois grupos experimentavam serviços integrados, possíveis pelo compartilhamento de recursos entre si.

Assim, em 2019, investimos em dois novos projetos, que se complementavam: a criação de Núcleos Lixo Zero (NLZ) no bairro Santa Tereza; e a implementação de um projeto-piloto voltado para o tratamento permanente de resíduos domiciliares secos e orgânicos, por meio da integração dos dois operadores.

Os Núcleos Lixo Zero

Os NLZ surgiram de demandas próprias desses grupos: por um lado, a Coopesol Leste buscava uma maior aproximação com a comunidade do bairro e meios para integrar catadores autônomos em seus trabalhos de coleta; por outro, o Roots Ativa, buscava um ponto no bairro para servir de apoio às suas atividades nas feiras e na reciclagem dos resíduos orgânicos.

O projeto do primeiro NLZ fora então pensado em um terreno alugado na Rua Anhanguera. Havíamos aprovado um edital e tínhamos doações de parceiros da Rede Lixo Zero, que nos permitiam os recursos materiais para começar a obra. Um mês, apenas, da entrada no terreno, fomos surpreendidos por uma ex-moradora do bairro, a Sandra Moura.

Ao ficar sabendo de nosso projeto, Sanda Moura se interessou e ofereceu o uso gratuito – que ainda segue – de um terreno próprio na rua Bom Despacho. Essa ação solidária, de uma filha do bairro, e os seis meses de trabalhos em mutirões, realizados por integrantes da Rede Lixo Zero, permitiram que inaugurássemos, em 18 de janeiro de 2020, o Núcleo Lixo Zero Bom Despacho.

O serviço integrado

Nesse espaço, a Coopesol Leste e o Roots Ativa puderam estruturar serviços integrados que, atualmente, chegam a tratar uma tonelada mensal de resíduos secos e um pouco mais que isso, de resíduos orgânicos.

As 80 famílias que participam desse projeto, levam seus materiais semanalmente ao Núcleo e chegam a ter mais de 90% de seus resíduos domésticos destinados de maneira adequada e sustentável.

Núcleo Bom Despacho – Rua Bom Despacho 205

Esse serviço já havia sido criado enquanto trabalhávamos para essa inauguração. Em outubro de 2019, apresentamos a proposta do serviço em uma reunião aberta à comunidade. Além de aspectos técnicos e econômicos, mostramos as dificuldades e desafios para fazer o programa avançar. Naquele momento, foram dez as famílias que aderiram ao programa, atendidas no Núcleo Anhanguera, onde havíamos construído as primeiras composteiras.

Com a estruturação do Núcleo Bom Despacho, pudemos não somente ampliar o acesso dos moradores a esses serviços, como articulá-lo a outros serviços voltados à alimentação saudável, com a implantação da horta agroecológica.

Na horta, aberta a toda comunidade, oferecemos produtos sem agrotóxicos e conseguimos fechar o ciclo orgânico – o resíduo que o pessoal traz, vira terra e volta como saúde para a comunidade!

Além disso, passamos a oferecer também um serviço de acesso a alimentos e cosméticos de pequenos produtores e iniciativas da Economia Solidária.

Horta agroecológica. Verduras apanhadas na hora.

A pandemia e os rearranjos

Ainda em março de 2020, quando o município oficialmente entrou em quarentena, fechamos também nossas portas. Os serviços de recebimento de resíduos foram interrompidos por três meses, até que pudéssemos garantir sua realização com segurança.

Seu retorno só foi possível pela adoção de medidas de segurança no trabalho, sugeridas pelo grupo técnico do Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária (ORIS) e pela colaboração das famílias beneficiárias, que passaram a realizar a quarentena de seus resíduos em casa.

Posto de coleta no NLZ Bom Despacho

Esse cuidado dos moradores com os procedimentos de separação e higienização, revelado no baixíssimo índice de rejeitos nos recicláveis (menos de 3%), é apenas uma forma de manifestação de seu agir solidário.

Com a interrupção das atividades devido à quarentena, a decisão dos moradores do bairro de continuar a contribuir mensalmente com o Núcleo foi o que nos garantiu uma renda mínima, por pelo menos três meses.

Essa relação de apoio e aprendizagem coletiva é o que nos move e motiva a continuar. Mais do que Núcleos de recebimento e tratamento de resíduos, sentimos que hoje somos parte de uma grande escola e, por isso, somos agradecidos!

Novidade: mais um Núcleo Lixo Zero no bairro

Por estarmos operando apenas o Núcleo Bom Despacho, nos encontramos próximos à nossa capacidade máxima. Felizmente, a demanda por nossos serviços tem crescido, o que nos leva a buscar recursos para a reforma do Núcleo Anhanguera e assim deixa-lo apto para a realização das atividades em segurança e ampliando o acesso a mais famílias.

Em uma parceria com o Núcleo Alter-Nativas da UFMG, conseguimos os recursos materiais para a realização das obras. O que nos falta, agora, são os recursos necessários para a remuneração dos que vão trabalhar nessa transformação.

Rifa

Para custear o pagamento da mão de obra, lançamos uma rifa (https://bityli.com/SUTTz), na qual serão sorteadas três cestas com vários produtos. As cestas são feitas com materiais recicláveis, por uma artesã parceira de nossa rede; os produtos foram doados pelos vários grupos que hoje integram os projetos de alimentação saudável em curso.

Esta é a cesta da rifa. O bilhete custa 10,00 e pode ser adquirido clicando aqui.

Convidamos vocês a participarem dessa iniciativa. Nossa história nos ensinou que o acaso, às vezes, pode estar do nosso lado! Quem sabe não é a sua vez?

Na próxima semana, continuaremos essa história, em nosso último texto de celebração dos três anos de nossa Rede. Vamos resgatar a coleta seletiva solidária realizada pela Coopesol Leste, sua interrupção devido à pandemia e sua recente requalificação, a partir da proposta da Coleta de Vizinhança.

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