Não é só o Natal que mudou - Santa Tereza Tem
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Não é só o Natal que mudou

Por Carlos Felipe Horta

Um dia, um grande poeta fez uma pergunta que é muito difícil de responder: “ Mudou o Natal ou mudei eu”.

Se a gente pensar bem, nós todos mudamos, os tempos mudaram e o fim do ano, Natal no meio, mais ainda. Em vez de “Adeste Fideles” e “Noite Feliz”, que poetizavam mais as “Missas do Galo” à meia noite, o que mais se ouve, em altos sons, apesar das leis proibitivas, são funks de péssima qualidade, pagodes ainda piores e cantores e cantoras que não são impingidas pelas redes de televisão que os têm sobre contrato e controle, dando saudade até dos tempos em que eram as gravadoras que faziam isso.

Ninguém “põe mais o seu sapatinho na janela do quintal” e nem canta “ Natal, Natal das crianças, Natal da noite de luz, Natal da estrela guia, Natal do menino jesus”.

O próprio menino Jesus está suplantado pelos papais noéis que ocupam o seu papel mercadológico nos shoppings e lojas , se tornando a principal atrações dos sélfies dos celulares que toda criança, para ser respeitada tem que ter um. Muita gente deve se lembrar dos presépios que toda família armava, desde o início de dezembro, até seis de janeiro, chegada dos santos.

Entidades culturais, prefeituras, bancos e até lojas montavam presépios que atraiam a atenção e até concursos dos mais belos presépios eram organizados e nós mesmos fomos jurados em dezenas de vezes. Onde estão os presépios?

E nas ceias, ricas ou pobres, depois da missa do galo, todos rezavam, cantavam e conversavam. Hoje, p “zap-zap” não dá tempo para nada e mensagem de felicidades são trocadas nas telinhas, até mesmo por pessoas que estão lado a lado, à mesma mesa.

O papa Francisco, com as lembranças herdadas do “Santo Poverello” de Assis, criador do primeiro presépio, recomendou, esta semana, que, pelos menos nas refeições, os celulares estejam guardadas. Em outras palavras, “conversar é preciso”. Com a voz de cada um e não com os dedos automatizados nas teclas do celular.

A gente vai pensando quanta coisa mudou. As lembranças vão aparecendo. Por exemplo, onde estão os calendários, que as empresas, pequenas ou grandes e de todos os tipos, faziam questão de ofertar aos fregueses, parceiros, amigos e pessoas comuns? Onde estão eles? Claro que um o outro ainda aparece mas dá para contar até nos dedos. Até os famosos “calendários de borracharia”, com imagens – lembrando expressões de época- de “starlets”, “pin-ups” e vedetes, que faziam a alegria dos marmanjos que iam consertar um pneu e gastavam o tempo, sonhando com elas.

Do mesmo modo, de alguns anos para cá, estão desaparecendo os cartões de “Feliz Ano e Próspero Ano” , integrantes da vida comum de todo o brasileiro. Rica ou pobre, sempre a pessoa dava um jeito de comprar um cartão, por mais simples que fosse, para enviar para amigos e parentes mais chegados. Estes cartões eram guardadas nos escaninhos mais queridos de cada cada, se tornando até mesmo objeto de admiração das pessoas a quem eram mostrados, anos afora.

Os cartões também, como se dizia antigamente, “deram às vilas, Diogo”. Foram substituídas, melhor dizendo, massacrados pelas redes sociais, onde cada copia um cartão de alguém e reenvia para centenas de parceiros e amigos.

Cartão de Natal

Pensando bem, aliás, com a multiplicação de amigos e parceiros de redes sociais, enviar cartões, hoje, seria proibitivo… Como enviar centenas e até milhares deles? Só mesmo grandes empresas, políticos e empresas públicas mas, se alguém já observou, até entre eles, o costume “tomou chá de sumiço”.

Mudanças…mudanças… mudanças… tantas são e cada um de nós já deve ter observado algumas não citadas aqui, que não dá para colocar todas. Uma mudança, porém, chama a atenção. Neste mundo novo, cada vez mais tecnológico, cada vez mais polarizado e dividido em todos os sentidos, vem crescendo, a cada ano que passa, o temor pelo ano que se aproxima. E aí até os “creen em brujas” procuram logo saber quão o personagem do horóscopo chinês, qual a figura do baralho cigano do novo ano, qual o gnomo que vai estar presente nos próximos 365 dias, qual a runa ou qual a carta do tarõ marcantes do período” e assim por diante.

E sendo assim, nada melhor do que se vestir de branco, tomar banho cachoeira, jogar pipoca sem sal sobre o corpo, evitar carne de animal que cisca prá trás, procurar ver uma estrela cadente e…e…. claro, rezar e pedir em prece ao Senhor Deus, que 2020 seja melhor e mais bendito.

E quem sabe, lembrar a velha marchinha? Adeus, ano velho, feliz ano novo.

Como estamos desejando a todos os companheiros e amigos que viveram conosco o ano de 2019. Que 2020 seja melhor para todos.

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