Músicos de Santê: Artur Araújo, de Sobral pra Santê - Santa Tereza Tem
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Músicos de Santê: Artur Araújo, de Sobral pra Santê

O músico cearense/mineiro e morador de Santa Tereza, Artur Araújo é, atualmente, um dos grandes intérpretes das músicas do Clube da Esquina . Foi essa paixão pelas canções feitas aqui, que fez o cearense de Sobral, trocar as praias nordestinas pelas montanhas de Minas e especialmente pelas ladeiras de Santê. Em entrevista, realizada no MIS Cine Santa Tereza ele fala sobre essa mudança radical e declara seu amor pelo bairro.

“Estive pela primeira vez aqui em 2012, aos 16 anos. Vim assistir a um show do Milton Nascimento e conhecer BH. Não poderia deixar de vir a Santa Tereza e ao Bar Godofredo, do Gabriel Guedes, na época ponto de encontro dos músicos da cidade. Encantei-me com a beleza das praças e a arquitetura das casas e senti que aqui havia algo diferente”. 

“O que me fascina são as características interioranas, onde é legal encontrar as pessoas, há música no ar e é fácil fazer amigos. Essa afetividade da maioria dos moradores, conquista a gente, assim como a busca pela preservação da memória e do patrimônio público. Tudo isso faz bem a minha arte, me inspira e já compus várias das minhas músicas aqui. Foi amor à primeira vista e jurei que um dia viria pra cá”, ele declara.

Juramento cumprido

E o adolescente da época cumpriu o juramento, apesar de ter demorado um pouco, pois a mãe o segurou até quanto deu. Ele lembra que “eu trabalhava na prefeitura de Sobral e comecei a guardar uma grana e preparar a família para passar uma temporada em BH. Fiz vestibular para Jornalismo na UFOP, Universidade Federal de Ouro Preto, mas minha mãe achou que era cedo para deixar a casa . Eu lhe disse que viria um dia”.

 Em 2014, mudou para Ouro Preto,  com a desculpa de estudar Museologia na UFOP. “Fui até a metade do curso, pois a música não me deixou termina-lo. Como vinha muito tocar em Belo Horizonte, mudei de vez. Logo entrei na banda infantil Circo Marimbondo criada pela cantora Bianca Luar e comecei a dar aulas em uma escola aqui no bairro, Bangalô. Mas, só em 2019, tive a oportunidade de realizar o sonho de morar em Santa Tereza” comenta o artista.

Artur Araújo

E foi em uma dessas idas e vindas a Minas, que Artur conheceu pessoalmente um dos seus ídolos do Clube da Esquina, o compositor e guitarrista Toninho Horta. “De cara foi uma das pessoas que me deu força para vir para BH. É uma figura incrível e nos tornamos amigos”, comenta.  

A música em sua vida

Desde pequeno ele gostava de cantar, muito por influência do pai radialista e cronner.  “A música lá em casa nunca faltou e era um barato meu pai me levar para assistir aos seus programas nas rádios ou até participar. Isso serviu de incentivo para meu futuro. Aos 12 anos fui aprender a tocar violão e foi uma descoberta maravilhosa. Peguei uma base e comecei a me desenvolver sozinho, assim digo que sou 80% autodidata” comenta o artista.

Os shows começaram nos eventos da escola e aos 17 anos ele passou a tocar na noite e a compor. Segundo ele, “foram muitas descobertas até chegar à Universidade Popular Bituca, em Barbacena, onde estudo canto e tenho descoberto coisas interessantes sobre a utilização da voz, um instrumento poderoso”.

Depois de correr atrás do anseio de conhecer a música mineira, ele redescobre seu repertório autoral, em uma mistura de Minas e Nordeste. No início fui influenciado pelo Clube da Esquina, agora busco outras referências, como os nordestinos que sempre ouvi como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Belchior. O trabalho do artista deve estar em constante mudança”.

Dos Trilhos ao Cais

Do Trilho ao Cais é o nome do seu último show, uma referência a Minas e ao Ceará. O repertório compõe também o seu primeiro disco, Morada dos Ventos, em processo de gravação . O show, que segundo ele partiu da ideia de formar público mineiro, já foi apresentado em Ouro Preto, no Conservatório de Música da UFMG, no Espaço Cultura Suricato e na Casa de Cultura Ideia, acompanhado de banda.

“Meu foco é música brasileira, apesar de gostar de músicas estrangeiras também. Quem for a meu show vai deparar com uma MPB jovem, moderna, pois, mesmo os antigos clássicos vão estar com uma roupagem nova, adaptada ao momento em que estamos vivendo”, observa Artur.

Professores importantes

O Toninho Horta, segundo ele, foi um divisor de águas no trato com o violão. “Além de treino e estudos eu precisava de uma referência musical e esta foi o Toninho Horta. Aprendi com ele, além de acordes musicais, a sua generosidade e humildade. Quem também tem um papel importante é o músico Pantera, que mora em Santa Tereza. Na primeira vez em que vim a Belo Horizonte, conheci o sergipano Edelson Pantera, que já tinha gravado com o Toninho e aprendeu muita coisa com ele. Então, com paciência, ele me ensinou e ainda me ensina muita coisa.   Não posso deixar de citar na minha formação musical, o Nelson Ângelo, que apesar de estar no Clube da Esquina, por ter ido ainda jovem para o Rio é pouco lembrado em Minas”.

Artur, além de tocar em bares, também leva sua música para festas e eventos. Para agendar apresentações pelo whatzap 99187.0818.

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