MIS Cine Santa Tereza: a primeira sessão - Santa Tereza Tem
Logo

MIS Cine Santa Tereza: a primeira sessão

A primeira sessão de cinema na inauguração

Reportagem e fotos de Eliza Peixoto

MIS Cine Santa Tereza é inaugurado com direito a banda, carrinho de pipoca, fila na bilheteria e muita alegria foram abertas as portas do MIS Cine Santa Tereza, para o bairro e a cidade, após de 15 anos de espera. “Vim com meus dois filhos para conhecer o novo espaço e reviver as emoções do tempo em que eu, jovem vinha às sessões da tarde, pois na minha casa, moça não saia à noite. Não namorei no cinema, mas paquerava”, assim a moradora da Rua Professor Raimundo Nonato, Valdete Bahia, expressou sua alegria, sem se importar com a fila para pegar ingressos. Na saída, depois de assistir à primeira sessão, o filme Faroeste, ela comentou que “foi muito bom. Valeu a espera”.

Edy Cardoso, Enzo e Valdete Bahia

Esse foi o clima da inauguração do novo espaço, alegria e a sensação de que valeu a pena a comunidade insistir pela manutenção do lugar como cinema de rua. Até um grupo, que estava na fila dos ingressos, improvisou uma cantoria.

Mônica Barroso Pinho, (75 anos e representante de bairro no Orçamento Participativo da prefeitura de Belo Horizonte (OP), não resistiu à emoção. Engasgada pelo choro, relembrou os 15 anos de batalha pelo cinema e aproveitou pra agradecer entre outros, ao morador Adilson Antônio de Lima e á Associação dos Moradores do Bairro Floresta, que na época abriu mão de suas reivindicações no OP2001/2002, para apoiar Santa Tereza.

Para Mônica “é a realização de um sonho a recuperação deste local de cultura para o bairro. Está de parabéns a comunidade participativa e solidária de Santa Tereza”.

Mônica Barroso Pinho, uma das grandes batalhadoras pela volta do cinema Foto: Eliza Peixoto

Marcela Guerra, moradora da Rua Buenópolis, na fila trocava ideia com Gabriel Drumond, que veio do Bairro Nova Floresta.  “Venho acompanhando a reforma do lugar dia a dia e não perderia a noite de hoje por nada. Muito bom ter um cinema de rua aqui pertinho da gente”. No que concorda Gabriel, complementando que “precisamos de um espaço como esse para fomentar e divulgar a arte visual brasileira, tão desvalorizada por nós mesmos. Temos bons diretores e filmes, mas pouco divulgados”.

Para o ator e jornalista, Jeferson Fonseca, é emocionante a volta do cinema de bairro, principalmente dessa forma com a participação da comunidade. “Vejo um novo tempo de fomento à produção audiovisual para a cidade. Belo Horizonte é cenário para qualquer grande filme e Santa Tereza em especial. O bairro inaugurar o primeiro cinema de rua gratuito é simbólico pela história local ligada à cultura, à preservação da história. Não poderia ser em outro local”, comenta Jerferson.  E complementa dizendo que “espero que o exemplo de Santa Tereza seja seguido para valorizarmos mais as ruas, ocupa-las com arte e menos cultura de shopping center”.

Faroeste, a primeira sessão

Abelardo de Carvalho, diretor de Faroeste, que abriu a primeira sessão, feliz com a escolha de seu filme, comentou que “houve uma confluência do universo, pois o filme foi convidado para participar da mostra normal e depois a equipe do cinema resolveu utilizá-lo para a sessão teste. Dai decidiu-se coloca-lo para fazer a abertura do cinema. Isso é muito importante para mim como diretor e para o filme, que foi feito de forma independente. É uma chancela e orgulho o filme ser exibido na primeira sessão.”.

O cineasta Abelardo de Carvalho

A fita, como se dizia nos antigos tempos do Cine Santa Tereza, foi rodado na cidade mineira de Pains, no Centro Oeste e cerca de 200 pessoas da cidade participaram como atores coadjuvantes para contar a história Luís Garcia, personagem enigmático da região, interpretado pelo ator Wladimir Winter

MIS Cine Santa Tereza: inauguração

.A solenidade de inauguração contou com a presença de pessoas da comunidade, representantes da prefeitura, do governo do estado, do Museu da Imagem e do som.

Para Leônidas Oliveira, presidente da Fundação Municipal de Cultura, órgão responsável pela gestão do espaço, a terça-feira foi um dia duplamente feliz. “Primeiro por poder atender, via OP (orçamente participativo) uma demanda da comunidade de Santa Tereza. Segundo por, depois do fechamento de várias salas de cinema em Belo Horizonte, reabrir o antigo Cine Santa Tereza, retomando o cinema de rua”, comenta.

Leônidas Oliveira, presidente da Fundação Municipal de Cultura

Ele ressalta ainda que no bairro há uma confluência das pessoas nas ruas, na praça. É um lugar onde realmente há uma ocupação dos espaços públicos pelos moradores, reafirmando sua identidade com a arte e a cultura.

O secretário do estado de cultura, Ângelo Osvaldo, ressaltou que a reabertura do antigo Cine Santa Tereza é simbólica por significar o resgate de uma cultura, que estava esquecida, a das pessoas na rua e ao mesmo tempo pelo espaço estar inserido em um local como a Praça, que é o coração do bairro. Além de ser um local que contempla a cultura de diversas formas, não só a arte audiovisual, mas também a literatura com a biblioteca e o espaço para exposições e outras apresentações.

Inauguração do MIS Cine Santa Tereza com direito a banda e pipoca

Outro ponto fundamental, segundo o secretário, “é a recuperação de o espaço ser uma conquista da comunidade, que assume o papel de protagonista da cultura e não apenas um sujeito à espera de decisões do poder público”.

Fotos: Eliza Peixoto – Confira outras fotos em nosso Facebook

Anúncios