Lançamento do Livro A Turma da Savassi - Santa Tereza Tem
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Lançamento do Livro A Turma da Savassi

Lançamento do Livro A Turma da Savassi, de Jorge Fernando dos Santos

Nesta terça-feira, 19 de junho, às 19h30, a Academia Mineira de Letras promove palestra com o escritor Jorge Fernando dos Santos sobre o livro A Turma da Savassi, de sua autoria. O primeiro lançamento do libro aconteceu em março e o relançamento será durante a palestra. A entrada é franca.

“Elevada ao status de bairro depois de ser desmembrada do Funcionários, em 2006, a antiga região da Savassi, em Belo Horizonte, surgiu de uma praça cujo apelido foi herdado da panificadora mais conhecida da cidade. Em torno dela, no início dos anos 1940, formou-se a Turma da Savassi, que por duas décadas reuniu jovens festeiros e briguentos que fizeram fama. Se a padaria deu nome à turma, há quem diga que foi a turma que popularizou o nome e também a região que virou bairro.”

Assim começa o livro “A Turma da Savassi… que virou nome de bairro”, de Jorge Fernando dos Santos, pela Quixote e Editores Associados. Nele o jornalista e escritor mineiro conta a história não só da famosa turma, mas também da Belo Horizonte dos anos dourados, com destaque para o bairro Funcionários, a Padaria Confeitaria Savassi, os bondes, os cinemas, bares e colégios, clubes, praças e igrejas da cidade.

Escrito por sugestão do compositor Pacífico Mascarenhas, que custeou a publicação juntamente com Marcos Octaviano Lobato, Arthur Cavalcanti e José Ronald (Tuíca) Rabello – todos eles remanescentes da turma –, o livro é ilustrado com fotos de época, um mapa dos principais logradouros da Savassi e os endereços da rapaziada. Traz também uma lista com todos os integrantes do grupo, além de um CD com músicas de Pacífico na voz de vários intérpretes. O disco tem ainda uma faixa bônus, intitulada “Savassiar”, composta por Luiz Enrique e Jorge Fernando dos Santos, que canta com Bárbara Vilaça, sua filha.

“Conheço o Pacífico desde a minha infância”, afirma o autor. “Meu pai era marceneiro e lembro que ele fez bancos e rodas de madeiras para alguns dos carros antigos da coleção do Pacífico, a quem reencontrei décadas depois, quando eu era repórter e editor de cultura no jornal Estado de Minas. Ser convidado por ele para escrever esse livro muito me alegrou, principalmente pelo fato de eu ter me mudado para a Savassi há quatro anos. Antes disso, morei por décadas no Caiçara, tema de outro livro meu, que integra a coleção BH – a cidade de cada um, da Editora Conceito.”

Duas gerações do barulho

O livro “A Turma da Savassi” foi escrito a partir de depoimentos de antigos integrantes do grupo. O mais velho deles, pertencente à primeira geração, é Danilo Savassi, de 95 anos. Ele conviveu com os jovens Paulo Mendes Campos, José de Oliveira Vaz, Celso de Melo Azevedo, Odair Faria e os irmãos Alberto e Maurício Coimbra Tavares, entre outros. Filho de Hugo Savassi, fundador da famosa padaria da Praça Diogo de Vasconcelos, Danilo, cujos avós vieram da Itália, fala sobre sua família, o comércio da época e as aprontações dos companheiros de turma numa BH bucólica e acolhedora.

Jorge Fernando dos Santos

Clívio Gomes Luz é outro veterano, amigo de Danilo desde a inauguração da padaria, em 1940. Ele lembra até hoje o gesto heroico do amigo, que em 1942 vestiu a farda do CPOR e subiu na marquise do prédio da padaria na tentativa de defender o imóvel do tio Arthur contra a fúria de arruaceiros, que em nome do patriotismo depredavam casas comerciais pertencentes a italianos e alemães durante a Segunda Guerra. Clívio assistiu à cena ao lado do garoto Pacífico, que tinha seis anos na época. Mesmo com os apelos de Danilo, a turba atacou a padaria e incendiou o imóvel onde hoje funciona uma loja da Vivo, operadora de telefonia celular.

Jorge Fernando dos Santos reconstitui o trajeto das duas gerações da Turma da Savassi entre 1940 e 1960. Ele fala dos cines Glória, Brasil e Pathé; do projeto Cine Grátis, de Márcio Quintino dos Santos; do comércio da Rua da Bahia; das aventuras no bairro boêmio da Lagoinha, destacando a importância do dancing Montanhês no imaginário da cidade; das lutas no ginásio da antiga Feira de Amostras; do footing na Praça da Liberdade e das serestas nas quais se destacavam Zé Sardinha e Pacífico Mascarenhas. Este chegou a colocar um piano em carroceria de caminhão e numa caçamba de escavadora, para chegar perto da janela das moças cujos quartos ficavam no segundo andar da casa.

Outras aventuras dos rapazes da turma eram as brigas com grupos rivais, as arruaças em bailes do Minas Tênis, do Iate e do Automóvel Clube, além do fato de penetrarem nas festas em casas de famílias da Zona Sul, mesmo sem ser convidados. Filho do industrial Alexandre Mascarenhas, um dos homens mais ricos do estado, Pacífico revelou desde cedo o talento musical. Em 1956, ele passava férias em Diamantina, quando foi apresentado ao jovem baiano João Gilberto. Este lhe mostrou a batida diferente de violão que mudaria os rumos da canção brasileira, dando início à Bossa Nova.

Dois anos depois, o próprio Pacífico produziu o primeiro LP independente do país, reunindo canções de sua autoria, muitas delas já no ritmo que só ganharia o país no ano seguinte, com o samba “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes na voz de João Gilberto. Em meados dos anos 1960, o filho do Dr. Alexandre fundaria o conjunto Sambacana, cuja primeira formação contaria com Milton Nascimento, Marcos de Castro, Wagner Tiso e seu irmão Gileno. Com diferentes músicos, o Sambacana gravaria sete LPs extremamente modernos para a época. Pacífico tem mais de 100 composições gravadas por intérpretes nacionais como Nara Leão, Claudette Soares, Tito Madi, Miéle, Luiz Eça, Eumir Deodato e muitos outros. O Sambacana é um capítulo especial no livro “A Turma da Savassi”, que traz algumas letras de Pacífico.

Jorge Fernando dos Santos tem mais de 80 músicas gravadas e completa 44 livros no currículo. Coleciona vários prêmios, entre eles o Guimarães Rosa pelo romance “Palmeira Seca”. Dissertação de mestrado na Itália, este livro foi adaptado para teatro e televisão, numa minissérie de Breno Milagres estrelada por Elvécio Guimarães e Wilma Henrique, além da participação especial de Jacques Antunes. A trilha sonora, com Chico Lobo e convidados, foi lançada em CD. Em 2014, seu livro “Alguém tem que ficar no gol” foi finalista do Prêmio Jabuti na categoria juvenil. Em 2015, a biografia “Vandré – o homem que disse não” destacou-se no Prêmio da APCA, entre os quatro melhores livros no gênero memória.

Serviço
Palestra e relançamento do livro A turma da Savassi
Data e hora:19/6, às 19h30
Local: Academia Mineira de Letras – Rua da Bahia, 1466, Centro
Entrada gratuita

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