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Magos e Reis

Magos e Reis, texto do jornalista *Carlos Felipe sobre o Dia de Reis

Uma coisa impressiona quando se fala dos Santos Reis. Como estes personagens que, historicamente, ocupam apenas um pequeno espaço no Evangelho de São Mateus, conseguiram ultrapassar os séculos, mantendo viva uma lenda que,no Brasil, é motivo principal para um dos mais importantes folguedos folclóricos de nosso povo? No Evangelho, nem reis eles são. São três magos vindos do Oriente. Outra curiosidade: não são citados com nomes. Seguiram uma estrela e foram parar na Judeia, atrás do “Rei dos Judeus” que, naquele tempo, era Herodes.

Claro que este não entendeu nada e, matreiramente, após ouvir os sábios e sacerdotes, mandou que os magos encontrassem o rei que tinha nascido e lhe dessem, posteriormente, mais informações para que também ele fosse adorá-lo. O resto da história, o Evangelho conta. Os magos encontraram Jesus, lhe ofertaram ouro, incenso e mirra e, depois, avisados por um anjo, voltaram para suas terras por outro caminho.

Herodes agiu como um “bom tirano”. Mandou matar crianças, pois uma deles seria o tal “rei” só que José, avisado por um anjo, fugiu com Maria e o menino para o Egito, Até aqui, registros evangélicos que não dizem muita coisa sobre como os magos viraram reis, foram “batizados” como Gaspar, Belchior e Baltazar, adquiriram uma importância cultural que poucos personagens conseguiram até hoje.

A tradição diz que foi por volta dos anos 800 de nossa era que esta “devoção aos reis magos tomou conta da Europa. Ainda mais que a tradição popular, dentro em pouco, “encontrou” e “identificou” seus restos na Catedral de Colônia, na Alemanha, onde, aliás, estariam até hoje. Espalhando-se rapidamente na Europa, a devoção aos Reis Magos foi, durante muito tempo, uma data tão importante quanto o Natal, com os presentes “natalinos” nela sendo distribuídos.

Mais ainda, os Reis tornaram motivação para músicas, autos religiosos, histórias e lendas, como a do “quarto” que, por motivos diversos, chegou atrasado à manjedoura de Belém. Isso e coisas mais geraram a Festa dos Reis que, trazida para o Brasil, logo no começo de nossa História, transformou-se numa das mais importantes manifestações folclóricas de nosso povo, integrante do chamado Ciclo Natalino e abrangendo, de maneira forte, o período entre 23-24 de dezembro a 6 de janeiro.

É uma pena que, enquanto as folias, mesmo enfrentando preconceitos religiosos, continuam fortes, outros folguedos, como o das pastorinhas, esteja, hoje, em franco processo de desaparecimento. De menino, em Santa Cruz das Areias e em Capetinga, presépios, folias e pastorinhas eram fundamentais para um verdadeiro e autêntico Natal e não podemos deixar de lamentar o lento desaparecimento dos grupos pastoris, especialmente em Minas Gerais. Os reis, entretanto, continuam vivos e, com eles, um pouco de nossa cultura popular, infelizmente tão esquecido em nossos tempos.

EM TEMPO: O dia dos Reis é 6 de janeiro, data também para muitos colocarem em prática a Simpatia do Romã.

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*Carlos Felipe Horta, colaborador do Santa Tereza Tem, é além de jornalista, pesquisador, historiador e folclorista.

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