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Artigo: As Nossas Nossa Senhora

Artigo: As Nossas Nossa Senhora e as crenças envolvendo seu nome

*Por Carlos Felipe Horta

Hoje, sob alguns dos seus títulos, sinal claro da extensão de seu culto, a Mãe de Jesus é lembrada em muitas cidades mineiras, começando com Belo Horizonte onde é feriado municipal, dia da sua padroeira, Nossa Senhora da Boa Viagem.

Imagem de Nossa Senhora na Igreja da Boa Viagem em Belo Horizonte

Em Romaria, cidade com pouco mais de cinco mil habitantes, são esperadas duzentas mil pessoas. É dia de Nossa Senhora da Abadia. Mas a “Santa Mãe de Deus” também é festejada como a Nossa Senhora do Bom Sucesso em Caeté; Nossa Senhora da Saúde, em Lagoa Santa; Nossa Senhora da Conceição do Carmo, em Mariana; não esquecendo que a Nossa Senhora da Piedade, pela qual é invocada e festejada como a padroeira de Minas Gerais.

São dezenas de títulos e basta pegar um livrinho de rezas e lá encontrar a “Ladainha” em que é chamada de “Rainha dos Apóstolos”, “”Virgem Poderosa”, “Rosa Mística”, “ Porta do Céu”, “ Rainha do Sacratíssimo Rosário”, “Mâe do Bom Conselho”, “Espelho da Justiça”, “Torre de Davi” e muitas outras invocações que demonstram o alcance da devoção popular para esta figura que pouco aparece nos Evangelhos e sobre a qual ainda há muitos pontos de interrogação.

Um deles, por exemplo: onde ela teria morrido? Em Éfeso, onde teria morado por muito tempo ou em Jerusalém, para onde teria retornado? Como foi a sua morte? Não há uma documentação concreta como também não se sabe qual a idade com que morreu. Segundo a tradição comum, entretanto, ela teria sido sepultada em Getsemani, em lugar que se tornou objeto de culto em Jerusalém.

Também é crença comum de que seu corpo foi elevado ao céus, nascendo daí a expressão “ assumpta”, origem maior da comemoração de hoje, a Assunção de Nossa Senhora. É importante fazer uma distinção entre os dois termos : “Ascenção” e “Assunção”. Enquanto Cristo “ascendeu” por si próprio, Maria foi “elevada” pela força divina.

A data de 15 de agosto foi escolhida para recordar este momento e, em Minas, como no Brasil e outras partes do mundo, o dia serve de motivação para que a Mãe de Cristo seja cultuada por muitos títulos, quase sempre originados de milagres, histórias e lendas.

Claro que há outras datas e até mesmo meses dedicados à Mãe de Cristo. No Brasil, por exemplo, maio, o “mês das coroações”, tradição vinda da França; ou outubro, “mês do Rosário”, linda tradição de nossos congadeiros e do povo. Sem falar em outros títulos como o de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, 12 de outubro, dia em que sua imagem teria sido encontrada no rio Paraíba do Sul, por Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso, no distante ano de 1717. Exatamente há 300 anos.

Pintura do artista mineiro Menotti Cordeiro

Pelo mundo, as lembranças nos levam a Nossa Senhora do Carmo, de Fátima, da Graça, do Desterro, da Esperança, da Boa Morte, do Perpétuo Socorro, de Guadalupe, da Luz, de Lujan, de Lourdes, de Nazaré, do Bom Parto, das Mercês, Medjugorge, da Penha, do Porto, da Soledade, da Visitação, do Pilar, de Muquém, de Montserrate, das Neves, das Oliveiras, da Guia, de Loreto, da Lampadosa, da Luz, Nossa Senhora das Brotas, Desatadora dos Nós, da Cabeça, da Boa-Nova, do Bom Conselho, da Ajuda, Aquiropita, Dores, Caravaggio, da Carpição, da Consolação, a da Fé, a de Salete, da Visitação e outros e mais outros.

Porque cada lugar tem a sua Nossa Senhora, numa multiplicação que só pode ser explicada pela devoção popular. E isso nos leva ao soneto colocado por Waldemar Tavares Paes no livro “Nossa Senhora nas Lendas e na Poesia: “Nossa Senhora é como as rosas”. Elas são muitas e todas “rosa”.

*Carlos Felipe Horta é jornalista e estudioso das tradições e cultura popular

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