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Santa Tereza é um jardim aberto

Santa Tereza é um jardim aberto de flores, árvores frutíferas, plantas suculentas, leguminosas, palmeiras e muitas outras. Você já reparou?

Romãzeira de Santa Tereza. Fotos: Brígida Alvim e Eliza Peixoto

Jatobá, macaúba, chuva de ouro, mandacaru, ora-pro-nobis, tamarindo, pimenta rosa, cacau selvagem, ameixeira, amoreira, aroeira salsa, palma, jasmim, amendoeira, romãzeira, trapoeiraba, damiana, murta, buva, guarupá, cana índica. Quem anda pelas ruas de Santê e observa tantas espécies de árvores, arbustos, ervas e trepadeiras, não imagina que muitas delas são comestíveis. Isso mesmo! Enquanto de algumas espécies aproveitamos os frutos, em outras nos beneficiamos das folhas, flores ou caules para consumo. São as chamadas PANC (plantas alimentícias não convencionais), ou plantas tradicionais, que por não terem valor comercial não são encontradas em sacolões e supermercados, e por isso são desconhecidas pelas novas gerações.

Casa de Santê cheia de plantas

As plantas citadas são algumas das identificadas em Santa Tereza, durante o Passeio guiado pela Jaca Verde Comidas Panc, no último sábado, 22 de julho, que contou com 10 participantes. A iniciativa, já realizada no bairro Santo Agostinho e agora em Santa Tereza, mostra que em cidade grande também é possível apanhar frutos, folhas para fazer chá e ingredientes para o preparo de comidas.

Essas plantas são geralmente confundidas com mato e descartadas como se não tivessem valor, mas são fontes de microorganismos como ferro, magnésio, cálcio, potássio, entre outros. Para que não sejam extintas e deixem de ter seu potencial nutritivo desperdiçado, é preciso um processo de conscientização sobre o uso delas, o que tem sido feito pela Jaca Verde e muitas outras iniciativas ligadas a Agroecologia, que é o estudo da agricultura a partir de uma perspectiva ecológica.

Lucas Mourão explica sobre a Palmeira Jerivá, na Praça de Santa Tereza

“Conhecer é preservar”, destaca Lucas Mourão, que conduziu o passeio iniciando com uma breve aula teórica sobre botânica na Praça Duque de Caxias, sob as sombras das árvores de grande porte como Mogno, Magnólia e Palmeira. O menu do café da manhã oferecido pela Jaca Verde foi: Suco de caule de pitaya com maracujá do cerrado, Bolo de jatobá com aroma de cumaru, Pão sem glúten de clitoria, Geleia de hibisco com hortelã maçã, Patê de palma com batata e bolo salgado de ora pro nobis. Em seguida, o grupo percorreu um trajeto de 2 quilômetros pelas ruas do bairro, avistando, tocando e aprendendo sobre as diversas espécies identificadas nos canteiros, jardins e quintais de Santa Tereza.

Resgate de tradições

Árvore de Pimenta Rosa, fruto utilizado como tempero

“Estudos agroecológicos estimam que no universo botânico há cerca de 12 mil espécies comestíveis e só comemos 120 delas, ou seja, 1% apenas. Para se ter uma ideia, ao redor do mundo existem mais de 100 espécies de plantas do gênero Ocimum, ao qual pertence o manjericão, todas comestíveis. Quantas você já comeu?”, instiga Lucas Mourão.

Ele também alertou para a importância de saber identificar as plantas “amigáveis” ao consumo e as “não amigáveis”, pois se confundidas podem fazer muito mal ao organismo. E a fonte de conhecimento não é nenhuma ciência, mas sim os hábitos alimentares dos povos tradicionais. “Conversando com as pessoas do interior e as mais velhas, como nossos avôs aprendemos muito e descobrimos coisas inimagináveis”, exemplifica.

Sabrina colheu e comeu ameixa durante o passeio

“É sensacional a temática das pancs (plantas alimentícias não convencionais), pelo resgate de raízes e tradições, tanto de plantio como de consumo alimentar. Numa era de tantas indústrias, o ser humano está perdendo o contato direto com o alimento. Há crianças que não sabem que frutas e legumes são naturais, que dão em árvore. Resgatar o contato com o alimento, energia essencial para o nosso corpo, é estabelecer uma relação de harmonia e de respeito com a natureza, por despertar o interesse pelo conhecimento, cultivo e preservação de espécies”, avalia Sabrina Assumpção, professora de Yoga e moradora do bairro Itapoã.

A gaúcha Ana conheceu mais sobre as pancs e Santê

A gaúcha Ana Marise Frantz Pereira, que é do interior e vive na capital do Rio Grande do Sul, está visitando o filho que mora na Pampulha, em BH. Junto com a nora Luciane, ela também participou do passeio no sábado, ajudou a identificar diversas plantas e ficou surpresa com a beleza e biodiversidade do bairro. “Eu já conhecia Santa Tereza à noite, quando vim curtir os bares, mas desta vez pude conhecer muito mais. Andando a pé, durante o dia, vi muitas casas lindas e jardins maravilhosos! Também me surpreendi com a variedade de plantas e flores, que a gente não vê quando passa de carro”, destaca a visitante.

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