Projeto da PHV em Santa Tereza tem votação suspensa no Patrimônio - Santa Tereza Tem
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Projeto da PHV em Santa Tereza tem votação suspensa no Patrimônio

Projeto da PHV em Santa Tereza tem votação suspensa no Patrimônio, a pedido da construtora

Torres - Reuniao do Conselho 21-12-16

Reunião teve a pauta sobre o empreendimento da PHV suprimida a pedido da construtora

O movimento Salve Santa Tereza e moradores do bairro foram, nessa quarta-feira, 21 de dezembro, à Diretoria de Patrimônio Cultural do município acompanhar discussão do Conselho Deliberativo de Patrimônio sobre proposta de intervenção chamada Operação Urbana Simplificada – Praça da Cidade, da PHV Engenharia, com potencial de interferir na paisagem e na dinâmica de Santa Tereza. Mas a proposta que seria apreciada e votada nesta tarde, conforme anúncio publicado no Diário Oficial do Município (DOM) do dia 10 de dezembro, foi retirada da pauta da reunião pela construtora.

Tal como consta descriminado no relatório apresentado ao Conselho Deliberativo de Patrimônio (CDPCM-BH), ao qual tivemos acesso, o empreendimento previa a construção de três torres comerciais, com altura média de 80 metros e 20 andares cada, com acesso pela Avenida Andradas e pela Rua Conselheiro Rocha, no bairro Santa Tereza. O projeto previa ainda a demolição completa da antiga Fábrica de Pregos São Lucas, implantada no terreno. A edificação consiste num remanescente arquitetônico eclético característico da tipologia industrial do início do século XX.

Torres PHV Santa Tereza_Sr Adilson

Sr. Adilson Lima, morador de Santa Tereza

Sr. Adilson Antônio de Lima, aposentado e morador do bairro Santa Tereza há 76 anos (78 de idade), presente na sessão, afirma ser “absolutamente contrário” à proposta imobiliária. “Santa Tereza tem a vantagem de ser um bairro central ainda protegido, por não ser cortado por grandes artérias de circulação. Não serve de passagem para outros bairros e somos privilegiados por isso. Mas, um empreendimento deste porte com saída para a Rua Conselheiro Rocha criaria alto movimento de carros e pedestres não só nesta via, mas em todo o bairro. Ou seja, geraria uma série de mudanças, afetando características urbanas e especialmente aquelas que tanto prezamos, que é de ter ambiência de cidade do interior. Nós não podemos deixar Santa Tereza perder essas características peculiares, seria uma perda irreparável para o bairro e para a cidade”, avalia.

Silvia Nascimento, professora e advogada, também moradora do bairro, avalia o impacto do possível comprometimento na visada da Serra do Curral pelo bairro, ponto assegurado entre as diretrizes de proteção do conjunto urbano de Santa Tereza, deliberado pelo Conselho de Patrimônio do Município em março de 2015.

Torres PHV - Visada da Serra pela Rua Eurita - Foto Silvia Nascimento

Vista do alto da Rua Eurita mostra que o Sh. Boulevard já compromete parte da visada da Serra pelo bairro. Foto: Lincoln Barros

“Eu moro no ponto mais alto da Rua Eurita, que é também um dos mais altos do bairro e tem visão privilegiada da Serra do Curral. Olhando pela minha varanda, avisto uma bruta interrupção do contorno da Serra feita pelo prédio do Shopping Boulevard. Se as três torres previstas no empreendimento forem do mesmo tamanho deste edifício, como afirma o diretor da PHV Engenharia (em entrevista ao Santa Tereza Tem, não há dúvidas de que o bairro perderia a visada da Serra do Curral, o que seria um impacto negativo sem retorno. Um empreendimento deste porte quebraria a barreira natural de proteção do bairro e abriria precedentes para mais flexibilizações urbanísticas que podem levar ao fim da ADE (Área de Diretrizes Especiais) em Santa Tereza”, alerta Silvia, que atua na área de Direito Imobiliário e Urbanístico. 

Construtora responde 

Sobre o fato da PHV ter retirado da pauta da reunião do Conselho a apreciação do projeto “Praça da Cidade”, a empresa liberou a seguinte nota:

“A PHV Engenharia entende que o desenvolvimento urbano deve estar alinhado com o bem-estar das comunidades do entorno. Por isso, como houve críticas pontuais ao projeto do empreendimento Praça da Cidade, a empresa optou por estudar melhor as possibilidades de evolução para o projeto.

A empresa reforça que serão realizados estudos para avaliar os possíveis impactos e as melhores formas de mitigá-los e reafirma que irá respeitar a determinação do processo de tombamento que estabelece a preservação da visada da Serra do Curral.

Reuniões com a comunidade do bairro Santa Tereza serão programadas para o primeiro semestre de 2017. A construtora explica, ainda, que o projeto está em fase inicial de desenvolvimento e que todas as definições serão feitas em total sintonia com a lei e buscando o bem-estar das comunidades do entorno”. 

Salve Santa Tereza mantem mobilização

Torres - Arte Salve Santa Tereza

Postagem feita pelo Salve Santa Tereza sobre possíveis impactos do empreendimento

Preocupados em assegurar a proteção do bairro, integrantes do Salve Santa Tereza entregaram ao presidente do Conselho, o também presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas José de Oliveira, ofício solicitando análise e deliberação do pedido de tombamento da edificação da antiga Fábrica de Pregos São Lucas, localizada na Rua Conselheiro Rocha, em Santa Tereza. “Esperávamos pela apreciação do Conselho sobre o projeto da PHV Engenharia, que é uma proposta extremamente danosa para o patrimônio do bairro e da cidade. Aproveitamos para reforçar o pedido de análise sobre a edificação da Fábrica de Pregos, feito em 2013 e protocolado na Diretoria de Patrimônio Cultural de Belo Horizonte àquela época, juntamente com abaixo-assinado de 440 assinaturas”, anunciou Maria Guiomar da Cunha Frota, professora e pós-doutora em Sociologia, integrante do Salve Santa Tereza.

“Vamos continuar a mobilização popular e se preciso tomaremos medidas judiciais na tentativa de garantir o tombamento da fábrica de pregos, que é um exemplar arquitetônico importantíssimo e não é justo que fique de fora do conjunto do bairro Santa Tereza protegido pelo Patrimônio Cultural da cidade. O que posso adiantar é que vamos ampliar a mobilização no bairro, com mecanismos que discutiremos nas assembleias do movimento”, conta Lincoln Barros, integrante do Salve Santa Tereza.

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