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Série Horla é lançada no Cine Santa Tereza

Série Horla é lançada no Cine Santa Tereza neste fim de semana, com exibição da primeira temporada completa

Nos dias 17 e 18 de dezembro, sábado e domingo, o MIS Cine Santa Tereza exibe a estreia da primeira temporada da série “Horla”, realizada pela Tatanka Filmes, com apoio da Escola Livre de Cinema, ambas de Cláudio Costa Val e com sede em Santa Tereza. Durante os dois dias, serão exibidos os sete episódios da temporada, nas sessões de 17h e 19h, com entrada franca. Retirada de ingressos na bilheteria meia hora antes do início das sessões.

aula - fogo cruzado

Uma série de ação, drama e suspense. Fotos: Divulgação Horla

Horla é uma série de ação, drama e suspense, voltada para televisão e web, livremente inspirada no conto “O Horla” (“Le Horla”), do francês Guy de Maupassant (1850-1893), cuja primeira versão foi publicada em 1887. O enredo, desapegado do conto original, está contextualizado num futuro distópico, onde organização política, governos soberanos, relações diplomáticas, produção industrial e manufaturada já não existem. A humanidade divide-se em grupos, que lutam para sobreviver aos ataques de uma espécie devastadora e invisível – os horlas.

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Produção independente envolve 66 pessoas, entre atores e técnicos

“Será uma aventura inesquecível para todos que dela fizerem parte”, afirma o cineasta, professor e músico Cláudio Costa Val, responsável pela produção, direção, roteiro, trilha sonora e outras funções na série. A filmagem de Horla começou em julho de 2015 e teve como locação principal as ruas do bairro Santa Tereza, além de outras localidades da capital e dos distritos de Nova Lima e São Sebastião das Águas Claras (Macacos). A expectativa para o lançamento é grande, depois de um ano e nove meses de preparo (Quase o mesmo tempo da gestação de um elefante” – define Cláudio) e a dedicação de 66 pessoas de forma voluntária, já que a produção é independente. Confira abaixo entrevista com Cláudio Costa Val, que conta mais sobre o desafio e a alegria de lançar no cinema a primeira temporada da série, que posteriormente terá sua veiculação na web ou tevê.

Entrevista

Santa Tereza Tem: Depois de tanto tempo de dedicação na realização desta série, como você se sente? 

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Cláudio Costa Val faz direção, roteiro e outras funções

Cláudio Costa Val: O sentimento é de mais uma etapa vencida. Sensação de que é possível fazer acontecer, mesmo com todas as dificuldades inerentes ao meio artístico-cultural e a atual realidade caótica em que vive o país. “Horla” é uma das realizações mais “volumosas” que já fiz. Acho que só o espetáculo cênico-musical “Macbeth 0.8”, de 2008, adaptado da tragédia “Macbeth”, de Shapeskeare, se iguala (ou se aproxima) em termos de dedicação. Na peça, foram sete meses de ensaio. Fiz a direção, a dramaturgia, atuei (fiz três personagens), compus a trilha sonora original (em parceria com o guitarrista Juliano Jubão), toquei contrabaixo durante boa parte da peça (1h:45min de duração), produzi e ainda dirigi o filme projetado em 16mm durante o espetáculo, que cumpriu temporada no Galpão Cine Horto. Depois, ainda lancei um CD com a trilha sonora original, gravada em estúdio, com patrocínio da Escola Livre de Cinema. Mas, naquela ocasião, eu contava com o recurso de R$ 69 mil do Fundo de Projetos Culturais da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. O primeiro CD do Mariachi sin Tequila também foi outro trabalho que me exigiu muito. Um ano de dedicação.
“Horla” eu fiz com recursos próprios. Gastei cerca de R$10.000 – R$ 3.100 consegui de apoio e o resto foi do bolso, “my pocket’s production”. Desta grana, mais de R$ 6 mil foi de alimentação para a equipe e elenco. Sete meses de filmagem (no decorrer deste período, filmamos cerca 40 dias). Em resumo, um trabalho colossal. Ainda há ajustes a se fazer na finalização dos sete episódios, em alguns mais acertos, noutros menos, mas exibirei mesmo assim, work in process.

Santa Tereza Tem: O que essa produção representa para sua carreira?

Horla - a série Claudio Costa Val

Cláudio Costa Val atua também como ator

Cláudio Costa Val: Estou feliz e orgulhoso, porque assim como em “Macbeth 0.8”, pude exercer várias aptidões que venho desenvolvendo em 32 anos de carreira artística ininterrupta. Comecei adolescente e nunca parei. Nunca fiz outra coisa da minha vida, meu foco sempre foram meus sonhos. Comecei tocando em banda e fui em frente, passando (e ficando) no teatro, no cinema e na literatura. Em “Horla”, produzi, dirigi, escrevi, atuei, fiz uma das câmeras, fiz a direção de arte, editei e finalizei os episódios #5, #6 e #7 (cinco meses sentado solitariamente numa ilha de edição, quase todos os dias), compus e gravei os baixos e violões da trilha sonora original assinada pela Mariachi sin Tequila, com exceção da música-tema de abertura, composta pelo maestro Eduardo Fonseca e gravada pelo grupo Arandela. Ou seja, só consegui fazer porque tudo é fruto de mais de três décadas vivendo de e para isso. Então, é algo que me realiza.

Santa Tereza Tem: Qual a motivação para encarar o desafio de produzir uma série sem financiamento?

Cláudio Costa Val: Poderia ter entrado em algum mecanismo de lei de incentivo, para não ralar tanto e receber alguma remuneração por este trabalho colossal. Mas estaria até hoje captando recursos (na melhor das hipóteses) e sonhando. Preferi fazer na tora mesmo, com amigos, todos voluntários. Não estive sozinho, foram 66 pessoas trabalhando na execução de “Horla”, entre atores e técnicos. Muita gente! Só consegui produzir porque tenho boas relações no meio artístico da cidade. Também, depois de tanto tempo na área, tinha mais era que conhecer muita gente mesmo… (risos).

Santa Tereza Tem: Por que a escolha pelo MIS Cine Santa Tereza para o lançamento?

Cláudio Costa Val:
Boa parte das filmagens aconteceu em Santa Tereza. Realizar um evento de estreia no Cine Santa Tereza é, portanto, mais que apropriado. É perfeito! “Nosso” cinema cumpre papel importantíssimo na divulgação e exibição de realizações audiovisuais autônomas. Sem falar nas mostras e programas especiais, que oferecem, gratuitamente ao público, filmes de grandes diretores do cinema mundial. Podemos afirmar, com dose exata de certeza, que o Cine Santa Tereza é, hoje, o único espaço democrático de exibição audiovisual, na capital das Alterosas.

cartaz horla lançamento dezembroSanta Tereza Tem: É inegável que as webséries são um sucesso hoje em dia, mas exibição em cinema é um tanto quanto novo e ousado não?

Cláudio Costa Val: A ideia de obra fragmentada em episódios não é de hoje: desde a Grécia Antiga, autores criam obras divididas “em partes”. Com frequência, as tragédias gregas eram criadas sequencialmente. A trilogia tebana, de Sófocles, formada pelas peças “Édipo Rei”, “Édipo em Colono” e “Antígona” atesta o gosto popular desde outrora, pela continuidade narrativa. Entre os gregos havia, inclusive, a possibilidade de um autor continuar o enredo iniciado por outro, sobretudo se levarmos em consideração que os mitos retratados eram bastante conhecidos. Após pesquisa na internet, descobri ser a primeira vez, na terra do Pau-brasil, que uma série televisiva é integralmente lançada em sala de cinema. E olhem que estou falando de sete episódios de, aproximadamente, vinte e seis minutos cada. Levaremos ao cinema prática realizada no cotidiano, por muitos aficionados: assistir a vários episódios de uma só vez. Eu mesmo já vi dez episódios de série numa sentada. Algumas vezes. A consorte me julga louco por isso… Talvez eu seja. Desconfio que sou (mas não o único)!

Serviço

Horla – Série em episódios – 1ª temporada
Dias: 17 e 18 de dezembro, sábado e domingo
Sessões: 17h – episódios 1, 2, 3 e 4
19h – episódios 5, 6, 7 e bate-papo
Local: MIS Cine Santa Tereza – Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza, Belo Horizonte
Ingressos: gratuitos, retirada 30 minutos antes, sujeito à lotação.

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