Primavera em Santa Tereza - Santa Tereza Tem
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Primavera em Santa Tereza

Primavera em Santa Tereza destaca as belezas das árvores e jardins

A Primavera, iniciada em 22 de setembro, é sem dúvidas a mais inspiradora das estações do ano. Nessa época as árvores ganham destaque nas paisagens urbanas, por se encherem de flores de todas as cores e de folhas mais verdes e vibrantes. Já reparou como as árvores ficam mais bonitas e os pássaros mais cantantes?

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Jardim na Rua Tenente Vitorino

No bairro Santa Tereza, as árvores e jardins chamam a atenção em praças e passeios, especialmente os Ipês roxos, Manacás da Serra e Manacás, que exalam perfume ao cair da noite. É época de reprodução de muitas espécies, não só da flora, mas também da fauna. E é por isso que nesse período os pássaros ficam mais ávidos e mais comunicativos, por estarem buscando um par para acasalar e aproveitando a fartura de alimentos nas árvores. Enquanto a reprodução das plantas se manifesta nas flores, a das aves se manifesta nos cantos, e o resultado é um ambiente mais bonito e agradável, que temos a obrigação de preservar.

Que essa abundância de alimento e amor da natureza possa influenciar nossos sentimentos! Para dar as boas-vindas à Primavera, compartilhamos um belo poema de Cecília Meireles, junto a fotos de árvores e jardins do bairro Santa Tereza. Feliz Primavera para todos!

 Primavera

Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

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Rosas no canteiro da Praça adotado pelo Santa Tereza tem e Park Idiomas

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Cecília Meireles – Obra em Prosa – Volume 1“, Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.
Fotos: Eliza Peixoto

Jardim de um prédio na Rua Ten. Vitorino

Jardim na Vila Dias

Manacás perfumados e azaleia na lateral da igreja

Árvore florida na Praça Duque de Caxias

Praça Marechal Rondon

Alma de gato na Rua Amianto

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